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Áustria rejeita plano econômico da UE para lidar com o impacto da pandemia

 Andriy Onufriyenko/Getty Images
Imagem: Andriy Onufriyenko/Getty Images

Da RFI

19/05/2020 11h59

A Áustria rejeita o plano de recuperação econômica de 500 bilhões de euros para lidar com o impacto da covid na União Europeia, lançado ontem pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel. A proposta franco-alemã abre caminho para um compartilhamento da dívida no bloco.

Os 500 bilhões seriam levantados nos mercados pela Comissão Europeia, que depois distribuiria os recursos para os países mais necessitados em forma de subvenções, para financiar melhorias na saúde pública, ajudar setores abalados pela crise, como o turismo e novos projetos de transição energética.

Os países que recebessem os recursos não teriam de devolver o mesmo montante acrescido de juros, o bolo da dívida seria repartido de acordo com um índice a ser definido em função do tamanho da economia.

Mas o governo da Áustria emitiu uma nota, hoje, contra esse sistema de subvenções pago por todos, e insistiu que as verbas devem ser atribuídas na forma de empréstimos a serem reembolsados por cada país. Dinamarca, Holanda e países escandinavos também são contra. Merkel e Macron têm dez dias para convencer os parceiros.

"Agora cabe a Merkel e Macron colocar todo o seu peso em risco" para impor o projeto a nível europeu, disse Lisa Paus, porta-voz do financiamento para ecologistas do Bundestag, o Parlamento alemão.

A Europa não pode se dar ao luxo de ver "essas propostas desaparecerem na areia como a de Meseberg" há dois anos, onde Paris e Berlim haviam concordado em uma maior integração da zona do euro, com um orçamento específico, e as propostas permaneceram sem resposta por falta de aprovação de seus parceiros.

Muito trabalho pela frente

Merkel e Macron terão muito o que fazer. Os países do norte do bloco (Áustria, Holanda e Dinamarca) já expressaram sua relutância ao plano, sublinhando pela voz do chanceler austríaco, Sebastian Kurz, de que estão prontos para ajudar com "empréstimos e não com subsídios".

Inicialmente, a França e a Alemanha tinham concepções muito diferentes sobre como agir, admitiu Angela Merkel na segunda-feira. Ao aproximar suas posições, os dois países "também uniram certos aspectos das reflexões sobre a Europa", ela apresentou.

Críticas também dentro da Alemanha

Em um país abalado por anos ao som das virtudes da austeridade orçamentária, e que já teve que lamentar a regra da dívida zero devido à pandemia, o plano de estímulo franco-alemão para a Europa desperta questões também dentro da Alemanha.

"Estou surpreso que estejamos fazendo uma curva de 180 graus lá, que a União Europeia possa subitamente se endividar", disse o deputado liberal Alexander Lambsdorff nesta terça-feira (19).

A natureza "excepcional" da crise, enfatizada novamente no dia anterior pelo chanceler, não justifica, contudo, que a UE "jogue suas regras e princípios ao mar", publicou o diário conservador Frankfurter Allgemeine Zeitung em um editorial muito crítico.

A Alemanha, a primeira economia europeia deverá contribuir com 135 bilhões de euros, a maior parte do envelope de apoio ao bloco, no valor total de 500 bilhões de euros, se o plano for adotado por toda a UE.

Merkel admitiu na segunda-feira que a proposta, também apoiada por seu partido conservador, era "corajosa" e passível de atrair críticas em seu país.

(Com agências)