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Brastemp é chamada de comunista nas redes sociais

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Imagem: Reprodução

Renato Pezzotti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/05/2020 12h56

A Brastemp teve que lidar com a inusitada situação de ser chamada de uma "empresa comunista" na noite de terça-feira (26). A marca brasileira teve seu nome entre os mais comentados do Twitter com a hashtag #brastempapoiaocomunismo.

A empresa, fundada no Brasil em 1954, hoje pertence à Whirlpool Latin America, companhia subsidiária à norte-americana Whirlpool, maior fabricante de eletrodomésticos do mundo.

A expressão ganhou força depois que a empresa anunciou que retiraria sua propaganda do site "Jornal da Cidade Online", acusado de publicar fake news:

Logo depois, a marca começou a ser atacada por perfis que afirmam que a marca "estaria obedecendo quem propaga o comunismo":

A hashtag perdeu força na manhã desta quarta (27), mesmo período que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal relacionados ao inquérito das fake news, conduzido pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao todo, foram expedidos 29 mandados de busca e apreensão, que incluem endereços do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, do dono da Havan, Luciano Hang, e de assessores do deputado estadual paulista Douglas Garcia (PSL).

Aviso foi feito por perfil criado na semana passada

A Brastemp informou que retiraria seu anúncio do "Jornal da Cidade Online" após ser avisada pelo perfil Sleeping Giants Brasil, criado na semana passada. Inspirado no modelo norte-americano, o perfil faz alertas para empresas sobre a veiculação de anúncios automáticos "em sites extremistas ou que contenham notícias falsas".

Em pouco mais de uma semana, o perfil já possui mais de 300 mil seguidores no Twitter e conseguiu a promessa de mais de 50 marcas de que os anúncios veiculados no site "Jornal da Cidade Online" seriam retirados do ar.

O "Jornal da Cidade Online", alvo da campanha, contou com mais de 900 anunciantes em pouco mais de um ano, por meio da plataforma de mídia programática do Google, revelou um relatório publicitário obtido pelo UOL.

O serviço de mídia programática proporciona aos anunciantes a compra de espaços publicitários de acordo com dados de públicos-alvo. As páginas e sites que recebem os anúncios automáticos são pagos por visualizações e cliques na propaganda exibida.

Em entrevista ao Tilt, canal de tecnologia do UOL, o fundador do Sleeping Giants Brasil afirmou que o foco das ações, neste momento, é avisar os anunciantes do Jornal da Cidade Online —mas que uma centena de novos alvos está na mira. "Já estamos trabalhando com uma lista de 104 sites, mas acreditamos que ali não estão todos", declarou.

Na semana passada, também foi criado o movimento "Gigantes Não Dormem", lançado por um grupo conservador que pretende boicotar as marcas que retiraram anúncios do "Jornal da Cidade Online". O perfil argumenta que as empresas estão caindo "inocentemente ou propositalmente" nos pedidos dos ativistas do "outro lado", insinuando que escolhem apoiar movimentos de esquerda.

O "Gigantes Não Dormem", que possui pouco mais de 23 mil seguidores no Twitter, também tem optado por uma lógica parecida à do opositor, com foco nos sites que estariam ligados à esquerda, como o "Brasil 247". Entre as empresas que teriam concordado com a notificação do novo movimento estão a Centauro e a UniBH.

Dell foi a primeira a sofrer

A fabricante de computadores Dell foi uma das primeiras a sofrer uma tentativa de boicote. Após anunciar que retiraria os anúncios do "Jornal da Cidade Online", a marca viu seu nome envolvida na hashtag #NãocompremDell, que chegou a estar entre os assuntos mais comentados do Twitter. Logo depois, ganhou força a expressão #CompremDell, em resposta ao possível boicote.

Para o fundador do Sleeping Giants Brasil, a questão também envolve uma maior conscientização das marcas. "As empresas têm respondido diretamente aos seguidores. Isso é realmente incrível e demonstra a seriedade delas em relação ao tema. Não queremos o boicote e, sim, a conscientização", afirmou.