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Auxílio: Caixa e Elo privilegiam empresas de maquininhas de grandes bancos

17.abr.2020 - Pagamento do auxílio emergencial é feito pelo app Caixa Tem, diferente do utilizado para o cadastro no benefício - Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo
17.abr.2020 - Pagamento do auxílio emergencial é feito pelo app Caixa Tem, diferente do utilizado para o cadastro no benefício Imagem: Adriana Toffetti/A7 Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

28/05/2020 17h23Atualizada em 29/05/2020 12h52

A Caixa Econômica Federal e a bandeira de cartões Elo definiram que Cielo e GetNet serão as primeiras empresas de maquininha de cartão a aceitar o pagamento de compras por meio do Caixa Tem, aplicativo usado para gerenciar os recursos do auxílio emergencial de R$ 600. Em 8 de junho, a Rede oferecerá os serviços.

Executivos de credenciadoras independentes ouvidos reservadamente e uma associação do setor criticaram a decisão da Caixa e da Elo de privilegiar empresas de maquininhas ligadas a grandes bancos. A Cielo e a Elo são controladas por Bradesco e Banco do Brasil; a GetNet, pelo Santander; e a Rede, pelo Itaú Unibanco.

Quem usa o Caixa Tem pode usar os recursos para pagamento de contas e boletos ou para compras por meio de cartão de débito virtual. Agora, os beneficiários poderão fazer compras em lojas físicas usando as maquinhas de cartão das empresas ligadas aos maiores bancos do país.

Caixa nega privilégio

Segundo os executivos, apenas duas reuniões foram feitas sobre ao assunto, sem que fosse dada a possibilidade de que todas as credenciadoras ofertassem o serviço simultaneamente.

Ao UOL, o vice-presidente de Varejo da Caixa, Celso Leonardo Barbosa, afirmou que a Elo é a responsável por escolher as empresas de maquininhas que oferecerão o serviço para os beneficiários do auxílio emergencial.

Segundo Barbosa, a Caixa procurou 117 empresas do setor para que todas ofereçam o serviço, e todas elas podem participar. Ele negou que exista qualquer privilégio às empresas ligadas a grandes bancos.

"Não é o fato. Estamos abertos a todas elas. Elas podem entrar em contato direto comigo. Não tem privilégio. O que acontece é questão de desenvolvimento tecnológico. É um processo normal do mercado de adquirência", disse Barbosa.

Todas empresas devem fazer parte do processo, diz associação

O presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet), Eduardo Neger, declarou que é positiva a possibilidade do uso da rede de credenciadoras para que os beneficiários possam usar o auxílio emergencial para compras.

Entretanto, Neger, que representa mais de 300 empresas do setor de tecnologia, disse que as grandes empresas responsáveis pelas maquininhas de cartão não devem ser as únicas a possibilitar o uso do benefício pago pelo governo federal.

"As paytechs (empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros a seus clientes por meio de celulares e internet ) detêm tecnologia avançada, sabem atender os clientes de baixa renda e autônomos, e estão devidamente habilitadas para contribuir com a Caixa nesse momento histórico para auxiliar na distribuição do auxílio a mais de 50 milhões de pessoas. Esse é um processo que pode ser encabeçado por todas as empresas que detêm a tecnologia via maquininhas de cartão, tanto as grandes quanto as pequenas", afirmou.

Após a publicação da matéria, a Elo enviou a seguinte nota:

"Em resposta à matéria 'Auxílio: Caixa e Elo privilegiam empresas de maquininhas de grandes bancos', a Elo informa que não recomendou à reportagem procurar a Cielo.

A companhia afirma que, diante dos fatos relatados, não houve privilégio, seja por parte da Caixa ou Elo, às credenciadoras Cielo e Getnet, diferentemente do que foi publicado.

Desde o início das tratativas, Elo e Caixa tinham o propósito de habilitar uma forma eficiente e segura de distribuir o benefício a milhões de brasileiros com a máxima urgência. O amplo acesso a credenciadoras era não só desejável, como uma premissa central do desenho.

Em consideração aos fatos, a Elo explica que em reunião no dia 19/05 foi apresentado o projeto do QR Code a todas as credenciadoras que será implementado até 10/06. Nesse evento, foi concedida às credenciadoras a oportunidade de apresentação de soluções aceleradoras visando a antecipação da data de implantação da solução de pagamento via QR Code, haja vista a importância da ação do auxílio emergencial

Neste contexto, as únicas empresas que apresentaram soluções que cumpriam os pré-requisitos necessários em termos tecnológicos, de prazo para implementação e que pudessem ser oferecidas às demais credenciadoras foram a Cielo e a Getnet. Assim, elas puderam habilitar sua plataforma para integrar a primeira fase de execução do projeto (de 29/5 a 10/6).

A Elo, empresa 100% brasileira, reforça que continua firme em seu propósito de desenvolver as melhores soluções de pagamentos para os brasileiros, desenvolvendo tecnologias localmente, privilegiando empregos no País e impulsionando a economia nessa crise que desafia a todos."