Guedes diz que crises entre poderes são 'ruídos de uma democracia vibrante'
O ministro da Economia, Paulo Guedes, falou hoje sobre as recentes crises entre os poderes no Brasil. Durante um debate promovido pelo Instituto de Garantias Penais, o economista disse que vê os atritos como "ruídos de uma democracia vibrante".
De acordo com Guedes, os barulhos são naturais, já que os poderes são independentes, mas às vezes 'um pisa no pé no outro'.
"Somos uma sociedade aberta e em construção. Temos um processo de aperfeiçoamento institucional de décadas e estamos melhorando, definindo o território de cada um. Essas crises que vemos entre os poderes são os ruídos de uma democracia vibrante. Eu não compartilho do pessimismo de quem olha para isso e entende o caos, acha que o Brasil vai incendiar a qualquer momento", afirmou. "O meu acompanhamento é outro, que a democracia está cada vez mais robusta e flexível. Ela tinha viajado por toda a esquerda, até extrema-esquerda, e viajou da centro-direita até a direita mais extrema".
Paulo Guedes ainda disse preferir os ruídos de uma democracia ao silêncio de uma ditadura. O ministro afirmou que, no Brasil, algumas pessoas usam a pandemia da covid-19 como plataforma eleitoral.
"Eu prefiro os ruídos de uma democracia do que o silêncio de uma ditadura. Você não sabe o que está acontecendo na Coreia do Norte, não sabe quantas vítimas. E no Brasil está essa confusão toda tem gente usando cadáver como plataforma eleitoral", comentou. "Acho que a população não vai aceitar esse comportamento. O que ela espera das lideranças é um esforço para atravessar as duas ondas, a da saúde e a econômica. Tenho certeza de que vamos atravessar as duas, o Brasil vai surpreender. O Congresso está trabalhando."
Problemas com dados
No início do mês, mudanças feitas pelo Ministério da Saúde na publicação de seu balanço da pandemia reduziram a quantidade e a qualidade dos dados.
Primeiro, o horário de divulgação, que era às 17h na gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta (até 17 de abril), passou para as 19h e depois para as 22h. Isso dificulta ou inviabiliza a publicação dos dados em telejornais e veículos impressos. "Acabou matéria no Jornal Nacional", disse o presidente Jair Bolsonaro, em tom de deboche, ao comentar a mudança.
A segunda alteração foi de caráter qualitativo. O portal no qual o ministério divulga o número de mortos e contaminados foi retirado do ar na noite da última quinta-feira. Quando retornou, depois de mais de 19 horas, passou a apresentar apenas informações sobre os casos "novos", ou seja, registrados no próprio dia. Desapareceram os números consolidados e o histórico da doença desde seu começo.
Também foram eliminados do site os links para downloads de dados em formato de tabela, essenciais para análises de pesquisadores e jornalistas, e que alimentavam outras iniciativas de divulgação.
Entre os itens que deixaram de ser publicados estão: curva de casos novos por data de notificação e por semana epidemiológica; casos acumulados por data de notificação e por semana epidemiológica; mortes por data de notificação e por semana epidemiológica; e óbitos acumulados por data de notificação e por semana epidemiológica.
No dia 7, o governo anunciou que voltaria a informar seus balanços sobre a doença. Mas mostrou números conflitantes, divulgados no intervalo de poucas horas.
Veículos de imprensa se uniram para apresentar dados
Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de Covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra decidiram formar uma parceria e trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal.
Em uma iniciativa inédita, equipes de todos os veículos vão dividir tarefas e compartilhar as informações obtidas para que os brasileiros possam saber como está a evolução e o total de óbitos provocados pela covid-19, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para o novo coronavírus.
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