Fundador da Ricardo Eletro é preso em SP acusado de sonegar R$ 400 milhões
O empresário Ricardo Nunes, um dos fundadores da rede varejista de eletrodomésticos Ricardo Eletro, foi preso na manhã de hoje na Operação Direto com o Dono, deflagrada pelo Ministério Público de Minas Gerais em parceria com a Secretaria da Fazenda mineira e a Polícia Civil.
Nunes foi preso no estado de São Paulo. Ele é acusado de sonegação de impostos e lavagem de dinheiro. Segundo o MP, a operação apura a sonegação de cerca de R$ 400 milhões em impostos que deveriam ter sido pagos ao estado de Minas Gerais ao longo de cinco anos. Também são investigados outros empresários do ramo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
A filha mais velha do empresário, Laura Nunes, e um irmão também são alvo da Operação Direto com o Dono. Um segurança que tentou impedir a ação policial também foi detido pelo crime de desobediência.
Segundo o promotor de Justiça Fábio Reis de Nazareth, a sonegação era "política empresarial" da Ricardo Eletro.
Dívidas em "praticamente todos os estados"
O MP afirmou que o valor de R$ 400 milhões corresponde apenas à sonegação no estado de Minas Gerais. Haveria também dívidas "vultosas" em "praticamente todos os estados" onde a Ricardo Eletro possui filiais.
A força-tarefa composta pelos três órgãos mineiros cumpre três mandados de prisão e mais 14 de busca e apreensão. A Polícia Civil foi às ruas das cidades mineiras de Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, além de cumprir mandados também em São Paulo e Santo André (SP).
Justiça sequestrou bens avaliados em R$ 60 milhões
Ricardo Nunes teve determinado pela Justiça o sequestro de bens e imóveis seus avaliados em cerca de R$ 60 milhões. A decisão judicial tem como objetivo ressarcir o dano causado aos cofres de Minas Gerais.
De acordo com o MP, o empresário possui dezenas de imóveis, participações em shoppings na região metropolitana de Belo Horizonte e fazendas.
Há indícios de que o patrimônio, registrado no nome de suas filhas, mãe e um irmão, teve um crescimento vertiginoso justamente no período da sonegação de impostos. Por isso, o MP mineiro chegou à conclusão de que Nunes cometeu o crime de lavagem de dinheiro.
Para MP, empresa cobrava ICMS, mas não repassava ao estado
Segundo o MP, lojas da rede Ricardo Eletro cobravam dos consumidores impostos embutidos no preço dos produtos, como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço). Depois, empresários investigados no esquema embolsavam essa quantia.
A investigação que levou à prisão de Nunes ganhou força no ano passado, com uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Em novembro, a Corte definiu como crime a apropriação do ICMS.
Varejista está em recuperação extrajudicial
A Ricardo Eletro está em recuperação extrajudicial, oficialmente sem condições de arcar com suas dívidas, que somam cerca de R$ 3 bilhões.
A rede já fechou várias lojas no país e chegou a encerrar sua operação no Mato Grosso.
Ricardo Eletro diz que atos não têm ligação com a empresa
A Ricardo Eletro informou que a operação nesta quarta-feira "faz parte de processos anteriores à gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia".
A empresa também afirmou que Ricardo Nunes seus familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem da administração da companhia desde 2019.
A empresa diz reconhecer parcialmente dívidas com o estado de Minas Gerais, e que, antes da pandemia, "estava em discussão avançada com o estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais".
Afirma, ainda, que se colocou à disposição "para colaborar integralmente com as investigações" e que, em paralelo, está abrindo, junto com uma consultoria externa, investigação interna para apuração dos fatos.
A Ricardo Eletro foi assumida em 2018 pela Starboard, especializada na aquisição de ativos problemáticos, em meio à reorganização financeira da Máquina de Vendas, holding controladora da empresa e também das lojas Insinuante.
Na ocasião, a Máquina de Vendas acumulava dívidas de R$ 1,5 bilhão, que foram renegociadas nos últimos anos.
*Com Reuters, Agência Brasil e Estadão Conteúdo
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