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SP: Sorveteiro faz apelo após ter energia cortada e vende 4 mil picolés

Marcelo Casagrande

Colaboração para o UOL, em Araçatuba

12/08/2020 22h51

O drama vivido por um sorveteiro de Votuporanga (a 520 quilômetros de São Paulo) foi amenizado por uma corrente solidária formada por clientes e internautas, ontem à tarde. Após publicar um vídeo falando sobre o corte de energia em sua gelateria, Luís Augusto Demori Fernandes, 41, conseguiu vender todo o estoque de sorvetes antes que os produtos derretessem.

Ele precisou correr contra o tempo para vender os mais de 4.000 picolés e 300 quilos de sorvete de massa que estavam prontos. Sem energia, os congeladores não suportariam por muito tempo. O estoque acabou em apenas duas horas e meia.

"Amigos meus e amigos de amigos foram me ajudar a atender ao público, afinal só eu e minha esposa trabalhamos lá. Teve advogado que tirou a gravata para ajudar na força tarefa para dar conta de vender o mais rápido possível", contou ao UOL.

A iniciativa desesperada foi única alternativa que ele teve depois que técnicos da concessionária de energia elétrica estiveram na Gelateria Demore's para cortar o fornecimento. São várias contas em atraso que juntas somam R$ 17,5 mil.

"Eu corri [para] gravar o vídeo para tentar vender o que eu tinha. Foi tudo abaixo do preço de custo, mas foi a forma que encontrei para diminuir o prejuízo e tentar pagar parte das dívidas", afirmou.

Bola de neve

A bola de neve com as contas básicas da gelateria foi consequência da queda brusca nas vendas no fim do ano passado. Com a pandemia do novo coronavírus e o fechamento obrigatório por causa da quarentena, o que estava ruim ficou pior.

Fernandes disse que as vendas no drive-thru ou no sistema de delivery não foram suficientes para pagar as despesas básicas. Tanto que o aluguel do imóvel também está atrasado.

"Devo R$ 24 mil de aluguéis. O caso já está na Justiça", conta.

Solidariedade

Quando decidiu expor a situação nas redes sociais, Fernandes não imaginava que a repercussão seria tão grande. Mas, além de pagar pela sobremesa, muitos clientes estenderam a mão para ajudá-lo.

"Algumas pessoas deram dinheiro, nem quiseram levar sorvete. Vieram ajudar mesmo. A solidariedade de pessoas que eu nem conheço, que nem eram clientes", comemorou. Até agora, o mestre sorveteiro já conseguiu R$ 4.000 em doações.

Fernandes é casado e pai de três filhos com idades entre 3 e 12 anos. É com o trabalho na gelateria, inaugurada em setembro do ano passado, que ele sustenta a família.

"Agora o que eu quero é pagar as dívidas, comprar produtos e tentar me reerguer. Quero fazer o que amo. Quero trabalhar, afinal, não posso levar minha família para debaixo de uma ponte."

A história do sorveteiro viralizou. Hoje, ele recebeu ligações de brasileiros que moram nos Estados Unidos e na Itália e estão dispostos a ajudar.

Outra boa notícia para a família dele foi a de que a Justiça concedeu uma liminar para que a concessionária religue o fornecimento de energia. "Tenho fé em Deus que vou dar a volta por cima e recomeçar a vida", disse.