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RJ: Traficantes receberam R$ 18 mil do auxílio emergencial, diz polícia

Polícia interditou hostel comprado com dinheiro do tráfico - Polícia Civil do RJ
Polícia interditou hostel comprado com dinheiro do tráfico Imagem: Polícia Civil do RJ

Abinoan Santiago

Colaboração para o UOL, em Ponta Grossa (PR)

06/10/2020 09h05

Traficantes de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, usaram celulares de dentro do presídio para se cadastrarem e receberem parcelas do auxílio emergencial, benefício concedido pelo Governo Federal durante a pandemia do novo coronavírus. Pelo menos dez pessoas são suspeitas da fraude, o que causou o prejuízo de R$ 18 mil com o recebimento das parcelas, segundo informou hoje a Polícia Civil ao UOL.

No mesmo dia, os agentes também interditaram um hostel na cidade avaliado em R$ 550 mil, que teria sido comprado pelos suspeitos com uso de dinheiro resultante do tráfico de drogas na Região dos Lagos.

Os pedidos do auxílio ocorreram de dentro dos presídios Instituto Penal Vicente Piragibe e Instituto Moniz Sodré, no Complexo Gericinó. O caso gerou ontem uma operação contra a quadrilha. A ação, batizada de "Líbero", cumpriu 11 mandados de prisão, sendo cinco contra traficantes já presos. Os policiais também fizeram buscas e apreensões em endereços de menores de idades que atuam no tráfico de drogas em Arraial do Cabo.

De acordo com a Polícia Civil, do Complexo da Maré, o tráfico em Monte Alto, subdistrito de Arraial do Cabo, era comandado pelo suspeito conhecido dos investigadores como Beto Branco, de 34 anos. Ele também teria recebido o auxílio emergencial.

Além de Arraial do Cabo, a operação cumpriu parte dos mandados em Cabo Frio, na mesma região; em Teresópolis, na Região Serrana; e na capital Rio de Janeiro.

Os suspeitos investigados e presos deverão ser indiciados por tráfico de drogas, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro, diz a Polícia Civil.

Ao UOL, o Ministério da Cidadania informou que "tem atuado em conjunto com Polícia Federal e Ministério Público Federal para garantir a persecução penal de crimes praticados contra o Auxílio Emergencial".

"Nesse sentido, foi criada a Base Nacional de Fraudes ao Auxílio Emergencial (BNFAE), gerida pela Polícia Federal, com apoio do Ministério Público Federal. O Ministério da Cidadania por sua vez, junto com a Caixa, fomenta a alimentação da BNFAE. Mais especificamente, a Caixa encaminha os dados relativos a fraudes no pagamento e o Ministério da Cidadania, mediante cruzamento e extração de dados, com base em parâmetros estabelecidos pelos órgãos de persecução penal, robustece a base de dados com informações relativas a possíveis fraudes na concessão", completou a pasta, em nota.

Hostel do tráfico

Ainda em Arraial do Cabo, a Polícia Civil cumpriu um mandado de sequestro judicial de um hostel avaliado em R$ 550 mil, supostamente comprado com dinheiro do tráfico de drogas na região.

Segundo a Polícia Civil, o líder do tráfico na comunidade Coca Cola, no Centro de Arraial do Cabo, deu o nome do próprio filho para o hostel. Os criminosos conseguiram ocultar o dinheiro e a origem do recurso usado na compra do imóvel, o que levou ao indiciamento de três pessoas envolvidas no esquema pelo crime de lavagem de dinheiro.

Além do traficante, foram presos preventivamente a esposa e o irmão dele, por estarem diretamente envolvidos na fraude da compra do hostel.