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Associação diz que Doria está acabando com comércios e cogita protestar

Nabil Sahyoun pediu fiscalização contra os "pancadões" - Divulgação
Nabil Sahyoun pediu fiscalização contra os "pancadões" Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

29/01/2021 09h40

Nabil Sahyoun, presidente da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings), aumentou as críticas contra o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ele disse que as restrições impostas recentemente, por causa da pandemia de covid-19, estão acabando com os comércios. E cogitou fazer um protesto na semana que vem.

A partir deste final de semana, os shoppings e outros comércios não essenciais da região metropolitana de São Paulo não poderão abrir aos finais de semana. A medida foi anunciada pelo governador João Doria na semana passada, por causa do aumento de casos, internações e óbitos. Recentemente a Secretária de Saúde afirmou que o estado vive o pior momento desde o começo da pandemia. Mas Nabil entende que os shoppings não são culpados por isso e reclamou das restrições.

"O que vai representar 4 dias de fechamento? O que isso vai trazer de estatística para diminuir a contaminação? Vai ser inócuo. Tivemos 150 mil trabalhadores de shoppings perdendo emprego no ano passado. E agora fecha no final de semana, que representa 50% do faturamento dos shoppings. Vai ter mais gente desempregada nesse primeiro semestre. E onde vão arrumar emprego? As doenças vão acontecer dentro do lar, por depressão, problema cardíaco e por tudo que a gente está sabendo. Gerir São Paulo é ter bom senso e não estamos tendo bom senso no comércio. Estamos acabando com os comércios e arrasando vidas. Temos histórico de 10 meses de pandemia e não se aprendeu nada. Continuamos com a mesma regra. É 'vamos fechar, vamos fechar'. Mas qual é a análise que se faz?", criticou Nabil, em entrevista à CNN Brasil.

Antes, o presidente da Alshop repetiu críticas que já foram feitas contra a fiscalização do governo na periferia de São Paulo. Ele acredita que a pandemia está aumentando por causa dos "pancadões" e festas clandestinas nas regiões mais pobres da capital.

"A gente questiona o que estão fazendo em relação à periferia e em transportes públicos. Não vem resposta objetiva. Nada é feito. Nada contra eles trabalharem, mas não tem protocolo de segurança e nem fiscalização. Não sei se eles têm medo de entrar, mas a contaminação tem acontecido lá", analisou Nabil.

O presidente da Alshop foi lembrado de que ricos também estão fazendo festas clandestinas. E que hospitais particulares também estão lotados na capital. Mas Nabil acredita que é porque pessoas de fora de São Paulo estão procurando tratamento na capital.

"Das pessoas que estão nesses hospitais privados, uma parte é de outros municípios e estados que vão para buscar uma referência, que são os hospitais de São Paulo. Em São Paulo capital, a contaminação é um percentual menor, se não considerar pessoas que vem de outros estados. Vamos para os pancadões e para as festas clandestinas nas periferias. É ali que estão acontecendo problemas que não estão sendo discutidos e controlados", reafirmou Nabil.

Perguntado sobre o que a Alshop e outras associações de comerciantes pretendem fazer, Nabil disse que todos vão se unir e cogitam realizar um protesto na semana que vem.

"Na segunda-feira teremos videoconferência com mais de 30 entidades. Deveremos estabelecer uma última negociação com o governo. Se não, vamos fazer protesto democrático nas ruas com trabalhadores, superintendentes e com todos que gravitam em torno do comércio", prometeu.

Além da Alshop, Nabil disse que outras 27 entidades ligadas à ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e mais 250 sindicatos ligados à UGT (União Geral dos Trabalhadores) podem participar desse protesto.