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Governo aproveita auxílio emergencial para fazer reformas, diz líder do PT

Do UOL, em São Paulo

25/02/2021 11h17Atualizada em 25/02/2021 14h02

O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), disse que o partido é "radicalmente contra" a proposta de contrapartida do ministro da Economia, Paulo Guedes, como condição para retomar o pagamento do auxílio emergencial.

"Ele faz de uma tacada só a reforma administrativa, mexe coma estrutura da federação e tenta impor o chamado teto de gastos para os municípios e estados. Somos contra essa forma que o governo está fazendo, aproveitando um momento de emergência, que é reivindicação da sociedade, para empurrar no meio um conjunto de reformas que está pretendendo fazer há algum tempo", disse o senador à repórter Luciana Amaral e à colunista Carla Araújo no UOL Entrevista.

A necessidade de contrapartida vinha sendo defendida por Guedes como única condição para a retomada do auxílio, o que implicaria cortes na educação e no salário de servidores. A proposta enfrenta resistência no Congresso.

Aqui, dentro dessa PEC do governo, ele vem com o chamado bode na sala porque o objetivo dele... Ele impõe o limite de gastos para educação e saúde, Se a gente deixar, ele passa também o esquema dele, passar a boiada, mas também pode ser bode na sala. 'Vamos por isso aqui que eles vão brigar, a gente tira e passa por exemplo, o congelamento do salario do funcionalismo', que é o tal do gatilho proposto aí
Paulo Rocha, líder do PT no Senado

Para Rocha, o governo tem condições de arcar com o auxílio. "O governo tem de onde garimpar nas suas próprias contas para resolver este problema. Daí que estamos dizendo ao governo, e vamos dizer claramente hoje no plenário, que [essas reformas] não é o que a gente considera de emergência, [o que a gente considera como emergência] é o auxílio emergencial e o combate a pandemia, que são as vacinas", disse.

"É importante dar um dado para vocês que a conta única do Tesouro Nacional fechou em 2020 com um saldo equivalente a 19,6% do PIB [Produto Interno Bruto], ou seja, R$ 1,4 tri, portanto afastando a tese de que está faltando recursos", completou Rocha.

R$ 600, não R$ 250

O senador criticou o valor proposto pelo governo de retomar o benefício com parcelas de R$ 250 e reforçou a ideia de retomar os R$ 600 que foram pagos durante o ano de 2020.

"O governo vem com todas essas posições, mexendo em educação, saúde, em tudo da estrutura do Estado brasileiro para pagar uma emergência de R$ 250. Hoje todos os produtos da cesta básica cresceram [de preço], só o gás é R$ 100, como vai pagar uma emergência para resolver o problema da fome do brasileiros com R$ 250?", questionou.

Para Rocha, é possível "pagar os R$ 600 pelos próximos seis meses e tem de onde tirar". "Seis meses e, se precisar, esperamos que não, estender conforme a ameaça do vírus e a questão da pandemia se prolongar."

O senador afirmou ainda que, "se o governo quiser, não existe atraso" na aprovação da PEC emergencial e negou que a oposição esteja atrasando o benefício. "Não venham colocar que está atrasando a emergência por causa da oposição que é contra a PEC. Por isso estamos propondo saídas através de nossa PEC. A gente sabe que o governo já vem com isso, 'a culpa é da oposição que não quer aprovar'", afirmou.

Na entrevista, Rocha também comentou sobre o cenário político, citando mudanças em ministérios do governo Bolsonaro e posições do PT. Ele também avalia que os partidos de centro estão "perdidos" sobre a disputa eleitoral de 2022.