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Mercado tem mais medo da volta de Lula ou da reação de Bolsonaro?

10.mar.2021 - O ex-presidente Lula, no 1º discurso após anulação de suas condenações - Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo
10.mar.2021 - O ex-presidente Lula, no 1º discurso após anulação de suas condenações Imagem: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo

João José Oliveira

Do UOL, em São Paulo

17/03/2021 04h00

A Bolsa caiu quase 4% no dia em que as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram anuladas, e o dólar subiu para a maior cotação em dez meses. Naquela noite, alguns profissionais de mercado atribuíram o resultado do dia à decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), que devolveu a Lula os direitos políticos. Mas dois dias depois, quando Lula fez um longo discurso, a Bolsa subiu 1,3%, e o dólar caiu 2,5%.

O UOL ouviu vários analistas para saber se o mercado de fato teme um eventual governo Lula. Também questionou se o retorno do ex-presidente ao jogo eleitoral pode levar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) a abandonar, em busca de popularidade, compromissos assumidos com o mercado, como privatizações e corte de gastos públicos.

Temor é aumento de gastos públicos

O que mais preocupa é a adoção de políticas populistas, baseadas em aumento de gastos públicos, segundo os profissionais de mercado.

Esse caminho, dizem, levaria ao aumento da dívida pública, afastando investidores e reduzindo a capacidade de o país voltar a crescer de forma sustentável. E isso vale para qualquer governo, seja Lula ou Bolsonaro.

Segundo esses profissionais de mercado, o fato de Lula ter se tornado elegível antecipou a disputa eleitoral de 2022 para 2021, aumentando a possibilidade de polarização nas eleições do ano que vem. Nesse caso, candidatos de centro perdem força.

Mercado quer candidato de centro

"O mercado ficou receoso não pelo ex-presidente Lula, até porque o mercado sempre teve uma boa relação com Lula durante o governo dele. O ponto é que o mercado estaria mais interessado em uma terceira via do que numa polarização", disse o economista de um dos maiores bancos do país, que pediu para não ser identificado.

A chegada do ex-presidente Lula ao quadro político gera uma reação negativa, mas por causa do risco de polarização, e não pelo Lula em si. Com a polarização do debate, fica mais difícil ter uma candidatura de centro com chances de vitória. E toda vez que há polarização da política, isso é ruim para a economia.
Ronaldo Guimarães, economista e sócio diretor do banco digital Modalmais

O debate sobre a eleição de 2022 foi antecipado, e isso afeta investimentos. Não acho que o ex-presidente Lula seja o problema. E ainda não vejo Bolsonaro caminhando para um populismo, porque isso afeta a relação dele com uma parcela do eleitorado dele. O problema maior é o de irmos para os extremos. Isso atinge as propostas de centro, que poderiam ser mais ponderadas. Com extremos, você deixa as coisas ainda mais incertas.
Alexandre Espirito Santo, professor do Ibmec e economista-chefe da Órama

Dois dos indicadores de mercado mais usados para medir o humor de investidores tiveram desempenho positivo nos anos de governo Lula, entre 2003 e 2010. Em termos nominais, sem considerar a inflação, o dólar caiu 53%, e o Ibovespa acumulou ganho de 515%.

O governo Bolsonaro tem pouco mais de dois anos, mas para efeito de comparação, o dólar acumulava valorização de 45,7% até 15 de março, e o Ibovespa subia 30,7%.

Veja abaixo o comportamento acumulado do Ibovespa nos períodos de alguns dos últimos governos.

O que é o mercado?

É um conjunto de instituições e pessoas:

  • Bancos, corretoras, gestoras de recursos, plataformas de investimento, mais os profissionais que trabalham nessas empresas;
  • Pequenos, médios e grandes empresários, que aplicam o capital de giro do negócio;
  • Governo, quando vende ou resgata título público, negocia dólar ou aplica recursos de impostos;
  • Todo investidor, grande ou pequeno, que dá uma ordem para comprar ou vender uma ação ou para aplicar ou resgatar dinheiro no fundo de investimento, por exemplo.

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