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Guedes admite dificuldade em acelerar agenda liberal: "estou recalibrando"

Paulo Guedes diz que está "tendo que lutar dez vezes mais" do que eu pensou que fosse lutar - Gabriela Biló/Estadão Conteúdo
Paulo Guedes diz que está "tendo que lutar dez vezes mais" do que eu pensou que fosse lutar Imagem: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

02/05/2021 10h30Atualizada em 03/05/2021 09h49

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu dificuldades em colocar em prática com rapidez um programa liberal e disse que está "recalibrando" as pretensões em relação a quando entrou no governo. Em entrevista ao jornal O Globo, Guedes disse que está precisando "lutar dez vezes mais" do pensou que fosse lutar.

O ministro afirmou que, em conversas com Jair Bolsonaro, costuma brincar que o apoio do presidente à agenda liberal está em 65%, embora Bolsonaro diga que ainda está em 97% — antes seria de 99%.

Neste quadro, Guedes diz que está 'recalibrando' seus planos em um momento em que o governo acena com uma agenda menos liberal.

"Eu tinha uma fé um pouco ingênua de que tudo seria muito mais rápido e de que as transformações seriam muito mais profundas. Eu estou só recalibrando tudo um pouquinho para baixo, mas sem mudar em nada a direção, a esperança", disse.

Guedes admite que esperava mais apoio de diversos setores à sua agenda, pautada em privatizações e grandes reformas. Até o momento, porém, o governo conseguiu apenas aprovar a Reforma da Previdência, sendo que a administrativa e a tributária seguem emperradas.

"Estou tendo que lutar dez vezes mais do que eu pensei que fosse lutar. Porque a aderência é um pouco menor do que eu pensei. Mas sem reclamação. É a democracia. Nas horas críticas, o presidente sempre nos apoiou. E o Congresso reformista tem nos ajudado também. Eu acredito na dinâmica de uma grande sociedade aberta", disse.

Ao dizer que tem o apoio de Bolsonaro, Guedes diz entender que o "presidente está atento a dimensões políticas que arrefecem os impulsos de transformação". Ele diz que reconhece a importância da política nas decisões e não reclama, mas que isso exigiu uma adequação das suas expectativas com a realidade.

"Por isso que eu atenuei um pouco o entusiasmo inicial. Porque tanto o presidente quanto o Congresso e a mídia vieram com menos ímpeto na direção das transformações. Aí o trabalho tem que ser muito maior para um resultado menor", disse.

"É negacionismo dizer que não temos plano"

Apesar de apontar dificuldades em fazer andar sua agenda, Paulo Guedes rebateu críticas de que seus planos não saíram do papel.

"É um negacionismo dizer que não temos plano, que não estamos fazendo nada, que promete e não entrega. Isso dói. Isso é uma falta de reconhecimento ao trabalho, uma negação de coisas que são autoevidentes e empíricas", disse.

Ao ser questionado se o esforço que menciona valia a pena, Guedes prometeu continuar no governo. "O senso de responsabilidade e o compromisso com os brasileiros que estão lá fora são muito maiores que a preocupação de ficar bem na fotografia". disse.