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Conta de luz cara e 3ª onda da covid são riscos para o PIB, dizem analistas

A chegada da terceira onda da pandemia da covid-19 no Brasil e o risco de alta no preço da conta de luz, com a falta de chuvas no país, podem afetar negativamente o crescimento econômico em 2021 - Getty Images
A chegada da terceira onda da pandemia da covid-19 no Brasil e o risco de alta no preço da conta de luz, com a falta de chuvas no país, podem afetar negativamente o crescimento econômico em 2021 Imagem: Getty Images

Antonio Temóteo

Do UOL, em Brasília

01/06/2021 12h22

A chegada da terceira onda da pandemia da covid-19 no Brasil e o risco de alta no preço da conta de luz, com a falta de chuvas no país, podem afetar negativamente o crescimento econômico em 2021, avaliaram economistas ouvidos pelo UOL.

A alta de 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre do ano, em relação ao último trimestre de 2020, surpreendeu os analistas. No mercado, os mais otimistas já esperam crescimento econômico de até 5% em 2021. Entretanto, o risco é de que a expansão da atividade fique mais perto de 4% se a falta de chuvas se prolongar e a pandemia exigir mais restrições. Segundo o Relatório de Mercado Focus, divulgado pelo Banco Central ontem (31), a expectativa para a economia este ano passou de alta de 3,52% para elevação de 3,96%.

No Brasil, a geração de energia depende de água para mover as turbinas das hidrelétricas. Com a seca, menos turbinas são ligadas para economizar água e o governo é obrigado a acionar as termelétricas, que são fontes de energia mais caras. Com isso, o preço da conta de luz sobe.

Para não ter de arcar com esses custos mais altos sozinho, o governo criou o sistema de bandeiras tarifárias, uma cobrança extra na conta de luz. O sistema começou a valer em janeiro de 2015. As bandeiras vão de verde (sem taxa extra) a vermelha patamar 2 (taxa extra de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts hora consumidos).

Preço da energia vai ficar mais caro e pandemia pode piorar, diz analista

O PIB do segundo trimestre deve cair, diante da piora pandemia e da chegada da terceira onda da covid-19, afirmou o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Segundo ele, o terceiro trimestre deve ser afetado pelas questões relacionadas ao preço da energia.

Vale declarou que é difícil imaginar a necessidade de um racionamento como o que ocorreu em 2001, com cortes no fornecimento de energia e diminuição no consumo. Entretanto, ele afirmou que o preço da energia vai subir e que isso pode afetar empresas e consumidores.

"Como consequência da seca teremos preço da energia mais cara e isso tende a acelerar a inflação. Uma tendência natural é que pessoas e empresas consumam menos energia. Isso pode afetar o crescimento econômico", disse.

Vale estima um crescimento econômico de 4,1% em 2021. Segundo ele, o risco de restrição de circulação de pessoas com a terceira onda e a seca que encarecerá o preço da energia são os principais fatores que podem barrar um crescimento econômico maior no ano.

Governo está preocupado com a seca

O Ministério da Economia comemorou o crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2021, mas admite que acompanha os impactos na oferta de energia no crescimento econômico.

"O baixo volume de chuvas, com impacto na oferta de energia elétrica, poderá ser um limitador da perspectiva de crescimento neste ano e está sendo observado com a atenção necessária, de forma a evitar ou mitigar os seus efeitos", declarou a pasta, em nota publicada pela Secretaria de Política Econômica.

O economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do BC (Banco Central), declarou que a terceira onda da pandemia é um risco difícil de ser projetado pelos analistas. Segundo ele, falta previsibilidade sobre decisões de governadores e de prefeitos para restringir a circulação de pessoas, assim como sobre o prazo dessas medidas, e não é possível projetar com antecedência os impactos na economia. "Não há o que discutir se as restrições são certas ou erradas. Mas essas restrições e o prazo afetam a economia. E isso é difícil de ser projetado", declarou.