Profissionais dos Correios criticam privatização: 'desmonte do Estado'
Profissionais dos Correios criticaram hoje, em nota, o aval da Câmara para o PL (projeto de lei) que autoriza a privatização dos Correios. Foram 286 votos favoráveis e 173 contrários.
"Quem prega sistematicamente o desmonte do Estado deve estar bem satisfeito hoje. Conseguiram aprovar na Câmara dos Deputados o desmonte de algo que os brasileiros levaram 358 anos para construir", disse a ADCAP (Associação dos Profissionais dos Correios).
Segundo o comunicado, o argumento de que a privatização vai resultar em diminuição de preços para a população é uma falácia que "só serve para iludir os que pagarão de fato a conta dessa medida — os cidadãos e as empresas brasileiras que usam os serviços postais".
Os profissionais criticaram também a forma com que a tramitação do PL foi feita, caracterizando-a como "uma vergonha para nossa democracia", por faltar informações adequadas, discussões e contraditório.
Para a ADCAP, o projeto tramitou ignorando o parecer da PGR (Procuradoria Geral da República) que reconhecia que uma eventual privatização dos Correios não poderia ser feita sem uma mudança constitucional.
No mês passado, o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, afirmou que a Constituição "não possibilita a prestação indireta dos serviços postais e do correio aéreo nacional".
Depois da aprovação pela Câmara, a proposta segue agora para o Senado Federal. Se aprovada no Senado, vai à sanção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Caso os senadores mudem a redação do projeto, nova votação será feita na Câmara. Com o aval do Congresso, o governo planeja fazer o leilão da estatal no primeiro semestre de 2022.
A Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas em Correios, Telégrafos e Similares afirmou, em sua página no Facebook, que a privatização é "crime de lesa-pátria".
"Parlamentares da Oposição tentaram reduzir os danos dessa aprovação catastrófica do PL 591/2021, que trata da privatização dos Correios, com a votação de destaques, instrumentos que alteram partes do texto base do projeto. No entanto, consolidaram o crime de lesa-pátria contra o Brasil e o povo brasileiro", disse a organização. A federação ainda afirmou que irá se mobilizar por meio de caravanas de trabalhadores, "para pressionar em Brasília senadores a derrubarem esse projeto desastroso para o país".
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