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Villa: Guedes e Campos Neto deveriam ser demitidos por causa de offshores

Do UOL, em São Paulo

04/10/2021 13h18Atualizada em 04/10/2021 13h59

Para o historiador Marco Antonio Villa, colunista do UOL, tanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, como o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, deveriam ser demitidos devido às offshores reveladas em uma série de reportagens.

"É absolutamente imoral, é conflito de interesses", disse o historiador ao UOL News, programa do Canal UOL. "Isso mostra que a república no Brasil foi anunciada em 1889 e até hoje nunca foi proclamada", afirmou.

Na avaliação do historiador, "um caso como esse levaria à demissão tanto do ministro da Economia como do presidente do Banco Central" se o Brasil fosse um país, na visão dele, realmente republicano.

Ainda assim, Villa se disse crente de que as offshores cairão no esquecimento. "A poeira vai paulatinamente baixando durante os dias e, aí, na semana que vem, ninguém mais se interessa sobre o assunto. Esse é um problema sério que o Brasil: esquecer escândalos", lamentou.

A revelação de que Guedes mantém uma offshore em nome dele no exterior, mesmo após ter entrado para o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi revelada pela série de reportagens "Pandora Papers", que conta com veículos brasileiros nas investigações.

A mesma série revelou que Campos Neto manteve offshores por 15 meses após assumir o cargo no banco — ainda assim, ele afirmou que não realizou mais investimentos desde que entrou no governo.

Hoje, o Ministério da Economia emitiu um comunicado em defesa de Guedes, afirmando que o ministro declarou à Receita Federal a participação dele na offshore localizada nas Ilhas Virgens Britânicas.

As revelações levantaram suspeitas de conflito de interesses. Offshore é nome dado a empresas abertas em países que, de forma geral, são considerados paraísos fiscais, onde a tributação não é tão pesada e o sigilo a dados bancários é mais forte que em outros Estados.

Em julho do ano passado, Guedes e Campos Neto atuaram em uma decisão que alterou as regras para donos de offshores, quando se elevou o limite do valor depositado no exterior que precisa declarado às autoridades tributárias brasileiras.