Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

'Detesto furar teto', diz Guedes após governo mudar regra e furar teto

Paulo Guedes, ministro da Economia - Adriano Machado/Reuters
Paulo Guedes, ministro da Economia Imagem: Adriano Machado/Reuters

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

22/10/2021 15h39Atualizada em 24/10/2021 06h23

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu hoje que o teto de gastos é importante para a administração pública, mas o governo federal também precisa auxiliar a população em situação de vulnerabilidade e que foi afetada pela pandemia do coronavírus.

"Teto de gastos é símbolo de austeridade, mas não vamos deixar a população passar fome. Eu estou feliz em furar o teto? Não estou. Eu detesto furar teto. Mas não adianta tirar 10 em fiscal e zero em assistência social. Tem que ter responsabilidade social", disse o ministro, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em entrevista coletiva.

Eu estou feliz em furar o teto? Não estou. Eu detesto furar o teto Paulo Guedes, ministro da Economia

Guedes minimizou o pedido de demissão de quatro secretários da Economia, na quinta-feira. Deixaram a pasta o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, a secretária especial-adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo. Todos alegaram razões pessoais.

"Secretários pedirem para sair é natural. Querem R$ 300 de auxílio, dentro do teto. Mas a ala política quer mais. Ninguém vai questionar R$ 400, porque a situação de muitas famílias é muito difícil", disse o ministro. Vamos reduzir o ajuste fiscal e ajudar 17 milhões de famílias. Então, essa posição de equilíbrio que o presidente pede é compreensível", afirmou Guedes.

O ministro também comentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, aprovada na quinta-feira por comissão especial da Câmara por 23 votos a 11. A PEC dos Precatórios é a aposta do governo federal para viabilizar o Auxílio Brasil, programa que irá substituir o Bolsa Família.

"Queríamos fazer um Bolsa Família de R$ 300 e a fonte seria o Imposto de Renda. Depois, chegou o meteoro. E veio decisão de outro Poder de um valor maior para o benefício e elaboramos a PEC dos Precatórios. Vamos pagar mais, R$ 400, para os mais frágeis. A nossa previsão era pagar R$ 300. Aí vieram os ruídos", disse o ministro.

"Se auxílio for para R$ 500, R$ 600, R$ 700, desorganiza a economia. Eu tenho a obrigação de dizer até onde pode ir", acrescentou.

Recuperação econômica

Guedes também afirmou que o país, após sofrer os efeitos econômicos da pandemia do novo coronavírus, está em recuperação acelerada.

"O Brasil está se recuperando mais rápido do que muitos países", afirmou o ministro.

A economia brasileira vem atravessando a pandemia com desempenho melhor do que outros países emergentes, mas o PIB nacional fechou em queda de 0,1% no segundo trimestre na comparação com o anterior, atrás de todos os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que reúne algumas das maiores economias do mundo.

No mesmo período, o G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo, avançou 0,4%. Os países da OCDE cresceram 1,7%, enquanto as nações da zona do euro ganharam 2,1%, segundo dados reunidos pela OCDE.

Em um ranking de crescimento econômico elaborado pela agência classificadora de risco Austin Rating, o Brasil caiu nove posições de um trimestre para o outro, e ficou em 28º lugar entre 44 países. Os países de melhor desempenho foram os que iniciaram a vacinação contra a covid-19 mais cedo.

Além disso, o Brasil tem a terceira pior inflação entre as 20 maiores economias do mundo, muito por conta da desvalorização do real frente ao dólar — consequência direta das incertezas sobre a política econômica do governo, avaliaram especialistas ouvidos para reportagem do UOL Economia.

Inflação, juros e dólar mais altos, assim como a piora das contas públicas, podem atrapalhar o crescimento em 2022 e tornar o país menos interessante para investidores estrangeiros, que já vinham reduzindo o interesse no Brasil desde antes da pandemia.