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Aumento a servidores demanda corte no Orçamento, diz secretário da Economia

Do UOL, em São Paulo*

17/11/2021 12h03Atualizada em 17/11/2021 14h27

O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou hoje que, com a regra do teto de gastos, a concessão de aumento salarial para servidores públicos demandará redução de alguma outra despesa.

Em coletiva de imprensa, ele pontuou que, se existe demanda para reajuste, será preciso mostrar qual gasto será diminuído para gerar esse aumento de despesa.

"A beleza do teto de gastos é que ele deixa muito claro os trade-offs para a sociedade. Para eu dar aumento de salário para funcionários públicos, eu preciso reduzir alguma outra despesa. Então, se existe uma demanda democrática e legítima da sociedade para darmos aumento de salário para os funcionários públicos, teremos que mostrar que gasto será reduzido", explicou o secretário.

Sachsida contrapôs a ideia de reajuste dos servidores com outras demandas que têm sido discutidas pelo Congresso para uso do espaço fiscal proporcionado pela PEC dos Precatórios. "Onde vou usar esse espaço? Devo gastar desonerando a folha de pagamentos ou devo melhorar os programas sociais nesse momento tão delicado. Ou será que devemos usar esse espaço fiscal para dar reajuste de salários para uma categoria que não perdeu emprego e renda na pandemia?", questionou.

A fala vem após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) destacar na véspera que, com a aprovação da PEC dos Precatórios, um aumento para o funcionalismo público poderá ser feito, justificando a necessidade da medida pela alta inflação corrente.

Bolsonaro, no entanto, não tem encontrado apoio parlamentar para este plano. Ontem mesmo, o relator do Orçamento, o deputado Hugo Leal (PSD-RJ), contradisse o presidente. Leal disse que não há espaço nas contas do governo para incluir o reajuste dos servidores.

Já hoje, foi a vez do senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), integrante do grupo que negocia mudanças na PEC dos precatórios, discordar. "Fala totalmente sem noção da realidade econômica do País", disse Guimarães à GloboNews sobre as inteções do presidente.

Mais cedo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já tinha reforçado o coro dos que não acreditam que o reajuste será possível. Em entrevista ao UOL News, ele disse que não há espaço para isso e que Bolsonaro mentiu ao afirmar que faria o reajuste.

PEC e Auxílio Brasil devem ser endereçados em duas semanas

Na mesma coletiva, Sachsida disse que tanto a PEC dos Precatórios quanto o Auxílio Brasil serão resolvidos nas próximas duas semanas.

"Quando se olha para trás, fica muito claro que fizemos grande trabalho de consolidação fiscal. Dúvida é para frente. Com esses assuntos endereçados, o nível de ruído vai diminuir. Então vai vir o recesso parlamentar e vai ficar claro para sociedade o gasto a mais que será feito com a PEC dos precatórios. Aos poucos, vai ficar claro todo o compromisso fiscal", afirmou.

*Com informações da Reuters e Estadão Conteúdo.