O que é a OCDE, 'clube dos países ricos' no qual o Brasil quer entrar
O Brasil deu início ao processo para entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o "clube dos países ricos". O governo federal confirmou ontem o recebimento de uma carta-convite do bloco econômico. Apesar do convite, o processo pode levar anos e não tem um prazo para ser concluído.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é uma organização internacional com sede em Paris que conta com 38 países com o objetivo de coordenar políticas econômicas entre eles. Fundada em 1961, no contexto da Guerra Fria, é um desdobramento da Organização para Cooperação Econômica Europeia, que existia desde 1948.
A OCDE (OECD, na sigla em inglês) recebe o apelido de "clube dos ricos" porque reúne, principalmente, as maiores economias mundiais, como EUA, França, Alemanha, Japão, Canadá e Reino Unido.
No início, tinha membros apenas dos Estados Unidos e Europa. Ao longo dos anos, a OCDE abriu espaço para outros continentes.
As atividades da OCDE contemplam diferentes áreas relacionadas às políticas públicas, como: política econômica, governança pública, trabalho, ciência e tecnologia, governança corporativa, educação, meio ambiente, comércio, agricultura, economia digital, investimento, entre outras.
O primeiro país da América do Sul a entrar para a OCDE foi o Chile, em janeiro de 2011. A Colômbia integrou-se à organização em 2020 e a Costa Rica a seguiu no ano passado, tornando-se seu 38º membro.
Os países da OCDE e seus sócios-chave representam cerca de 80% do comércio e dos investimentos mundiais.
Brasil quer entrar desde 2018
O Brasil negocia sua entrada no grupo desde 2018, mas até agora o convite formal não havia sido feito. Ainda em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB), foi iniciado o processo de aproximação, inclusive com a decisão de criar uma embaixada brasileira na sede da OCDE, em Paris.
No atual governo, a adesão foi colocada como prioridade pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e o país passou a iniciar seu processo de adequação às normas da organização. No entanto, o convite formal demorou mais do que o esperado.
Em março de 2019, durante visita oficial do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Washington, o então presidente norte-americano, Donald Trump, prometeu o apoio dos EUA à entrada brasileira no grupo. No entanto, em outubro do mesmo ano, o secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, enviou um documento ao então secretário-geral da entidade, Angel Gurría, defendendo apenas a entrada imediata de Argentina e Romênia.
Apenas em janeiro do ano seguinte os EUA formalizaram o apoio ao Brasil, mas a mudança de governo norte-americano atrasou mais uma vez o processo. Apenas no fim de 2021 o governo de Joe Biden se manifestou favorável à entrada não apenas do Brasil, mas dos outros cinco países que esperavam pelo convite para adesão.
Em setembro de 2021, o novo secretário-geral da OCDE, Mathias Cormann, começou a negociar uma fórmula para iniciar a adesão de todos os seis ao mesmo tempo, mas o processo só deslanchou com o aval dos norte-americanos, no fim do ano.
Além do Brasil, a OCDE está em abertura do processo de adesão com Argentina, Peru, Bulgária, Croácia e Romênia. Ainda não há previsão para os novos membros serem aceitos, podendo demorar anos até o fim da adesão.
A Argentina iniciou o processo de adesão em 2015 e defendeu sua candidatura diversas vezes, apesar das crises econômicas que abalaram o país.
Em uma declaração à imprensa no Palácio do Planalto ontem, o ministro das Relações Exteriores Carlos França, o ministro da Economia e o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, destacaram que o Brasil já aderiu a 103 das normas da organização, de um total de 253.
Como mostrou o colunista do UOL Jamil Chade, para que possa entrar, o Brasil terá de adotar uma série de regras em diferentes setores — ficou claro, por exemplo, que o governo teria de dar demonstrações de comprometimento com a redução do desmatamento para ser aceito.
Outro tema é o do combate à corrupção. Em informes recentes, a OCDE criticou abertamente a intervenção do Executivo na Justiça e alertou sobre a postura de Bolsonaro nesse tema.
Veja a lista de países que integram a OCDE:
- Austrália
- Áustria
- Bélgica
- Canadá
- Chile
- Colômbia
- Costa Rica
- República Tcheca
- Dinamarca
- Estônia
- Finlândia
- França
- Alemanha
- Grécia
- Hungria
- Islândia
- Irlanda
- Israel
- Itália
- Japão
- Coreia do Sul
- Letônia
- Lituânia
- Luxemburgo
- México
- Holanda
- Nova Zelândia
- Noruega
- Polônia
- Portugal
- Eslováquia
- Eslovênia
- Espanha
- Suíça
- Suécia
- Turquia
- Reino Unido
- Estados Unidos
* Com informações da AFP e Reuters
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