Mantega admite erro no governo Dilma e diz que não será ministro de Lula
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega descartou hoje a possibilidade de participar de um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele também admitiu ter cometido erros na condução da política econômica, citando o caso da intervenção no setor elétrico para reduzir a conta de luz, em 2012, no governo Dilma Rousseff (PT). As declarações foram dadas em entrevista à Bloomberg.
Não pretendo voltar. A economia tem ciclos; você fica com a parte boa, mas se a economia não funciona, a culpa é do ministro. Fiquei no governo por 12 anos seguidos. Já dei a minha parte.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda
Mantega foi ministro do Planejamento no primeiro governo Lula e assumiu o Ministério da Fazenda em 2006, no final do mandato. Ocupou o cargo até janeiro de 2015, saindo poucos meses antes do impeachment da ex-presidente Dilma.
O ex-ministro negou que pretenda elaborar um programa econômico exclusivamente para o PT. "Lula terá muitas alianças políticas, você não pode governar sozinho", disse. "Depois que o grupo de partidos estiver confirmado, você vai começar a discutir um programa que tem que ser aceito por todos, não pode ser um programa imposto pelo PT".
À Bloomberg, Mantega reconheceu alguns erros na política econômica de Dilma, durante o período em que comandava a equipe econômica. Ele citou a intervenção do governo no setor de energia, em 2012, para baixar a conta de luz. Depois da intervenção, veio um tarifaço, que fez a conta de luz disparar.
Isso [corte na conta de luz] não funcionou. As ações da Eletrobras caíram, e você tinha muitos investidores na Eletrobras. Na verdade, acho que cometemos um erro lá.
Guido Mantega
Para o ex-ministro, o Brasil precisará de um grande plano de investimentos em infraestrutura para 2023, semelhante ao proposto pela gestão Joe Biden, nos Estados Unidos, para tirar a economia da crise em meio a um cenário internacional adverso.
Ele diz que o aumento dos juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), somado à desaceleração do crescimento da China, tornará a recuperação do Brasil mais difícil nos próximos anos. A combinação, diz Mantega, é "potencialmente mortal para a economia".
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