Aplicativo vende comida que seria jogada no lixo com 70% de desconto
Já pensou fazer compras no supermercado St. Marche ou almoçar um prato do Let's Poke por um preço bem mais em conta? Essa é a proposta do Refood, aplicativo que quer diminuir o desperdício de alimentos ao levar clientes a consumirem produtos de estabelecimentos com sobra de comida. O desconto é de, no mínimo, cerca de 70%.
O aplicativo começou a operar no final de agosto de 2021 na cidade de São Paulo, mas só agora vem ganhando conhecimento entre consumidores e marcas. Inspirada em um modelo contra desperdício consolidado na Europa, a startup foi criada pelos empreendedores Marcos Nofuentes, André Paraense, Luciano Touguinha e Pietro Lancieri.
O Refood permite a compra de alimentos próximos do prazo de validade em restaurantes, padarias e supermercados. Neste mês, está prevista a estreia de um projeto-piloto no hotel Ibis Styles Faria Lima, da rede Accor Hotels, com a oferta de excedentes de café da manhã.
Outras duas marcas podem entrar no portfólio da startup neste mês: a rede de supermercados Dia e o supermercado Quitanda, em Pinheiros.
Comida é surpresa, não dá para escolher
O espanhol Marcos Nofuentes, que cuida do marketing e conteúdo, explica que os estabelecimentos devem seguir apenas duas regras: fornecer opções de qualidade e com preço justo. O Refood fica com uma taxa fixa de R$ 5 por venda feita na plataforma.
"Nosso desafio é fazer com que o cliente não se sinta enganado. E que o estabelecimento também não se sinta enganado", afirma Nofuentes.
O cliente compra uma caixa surpresa, ou seja, não pode escolher os itens. A retirada é feita no próprio estabelecimento, sem a opção de entrega. A devolução do dinheiro ocorre apenas se algum produto estiver impróprio para consumo
Como trabalha com a venda de alimentos que podem ser descartados, Nofuentes diz que os produtos são entregues com boa aparência.
"Em uma padaria, você vai pegar itens não vendidos na última janela de horário. Podem não estar tão frescos como na manhã, mas ainda assim muito bons para o consumo. Todos ganham: o cliente, que compra com desconto de 70%, o estabelecimento, que incrementa sua margem, e o planeta porque o desperdício de alimentos é um problema."
Embora não revele números, o empreendedor afirma que o mês de janeiro superou dezembro em vendas. Ele acredita que a inflação tem feito os brasileiros repensarem o consumo.
Quais são os estabelecimentos
Entre as marcas cadastradas no Refood, estão restaurantes com buffet como Elvira e Bacuri, a Padaria da Esquina, o hortifrúti Hortisabor e a loja de rosquinhas The Good Cup Donut, além dos já citados St. Marche e Let's Poke.
Ao clicar na opção desejada, o cliente vê na tela do aplicativo a relação de preço com desconto e o original. Na foto acima, por exemplo, a caixa surpresa do restaurante Bacuri sai por R$ 20 —R$ 40 mais barato do que no restaurante.
A plataforma indica se os pratos são feitos para carnívoros e vegetarianos, embora não revele os ingredientes utilizados.
Um problema, porém, é que pessoas com restrições alimentares só vão saber se a refeição tem algum item que cause alergia no momento da retirada.
Os kits de supermercado podem conter frutas, legumes, bolachas e cereais. Quem compra em padaria tem a chance de receber pães de queijo, croissants e pastéis de belém. Caixas de comida japonesa acompanham sushi, niguiri e uramaki.
Até o momento, o serviço funciona apenas em quatro bairros de São Paulo: Itaim Bibi, Vila Olímpia, Pinheiros e Vila Madalena, todos de classe média alta.
A meta da startup é estar em toda a capital até o final de 2022 e chegar a capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Fortaleza no ano seguinte.
"Nós queremos tornar a comida acessível para todo mundo. É um produto novo, temos que trabalhar a cabeça das pessoas", diz o empreendedor
O aplicativo do Refood está disponível para download gratuito em Android e iOS.
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