'Não tenho respeito pelo liberalismo tosco de Guedes', diz Belluzzo
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos fundadores da Facamp (Faculdade de Campinas), disse hoje, durante UOL Entrevista, que não respeita o que chamou de "liberalismo tosco" promovido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
"Está muito claro para mim que os desencontros e descaminhos produzidos não podem ser chamados de política econômica de governo. Paulo Guedes combina afirmações gratuitas sem muita base analítica com promessas que não consegue realizar. [...] Não tenho nenhum respeito por esse tipo de pensamento tosco, liberalismo das cavernas", declarou.
Belluzzo diz que é preciso pensar além de medidas a curto prazo. "Fico muito preocupado com o debate econômico só do curto prazo, sem olhar movimentos mais gerais das economias capitalistas dos últimos anos, que foram muito negativas para nós. Da mesma maneira que promoveu a ascensão da China, causou o declínio brasileiro."
Em dezembro do ano passado, Guedes culpou outros Poderes pelo fracasso nas privatizações, promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). "É inadmissível que não se consiga vender. Se não fica parecendo que é operação tartaruga, para descumprir a vontade popular."
O economista, que é próximo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz que, caso eleito, o petista vai encontrar uma situação difícil no governo.
"Não imagine que o Lula vai pegar uma situação em que ele pode rapidamente reverter. Lula ou outro que vencer - provavelmente será o Lula - vai encontrar muita dificuldade pelo desmanche que foi feito na economia brasileira, que não começa com Bolsonaro. Isso tem origem nos anos 80 com a crise da dívida externa."
Política econômica de Dilma
Durante a entrevista, Luiz Gonzaga Belluzzo também afirmou que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) cometeu um erro ao chamar Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, em 2014. "Ela acabou fazendo um 'desajuste'. Tem que reconhecer que foi um erro. Qual o problema? Acho que todo governo tinha que fazer isso."
O economista afirmou que Lula ficou chateado durante essa fase do governo Dilma. "Durante todo o tempo ele estava aborrecido. Ele respeitava muito Dilma, mas ficou aborrecido com o que estava acontecendo. Ela sucumbiu à pressão do mercado", disse.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revela que o PT decidiu se "vacinar" contra críticas à política econômica implementada no governo de Dilma Rousseff, antecipando debate que deverá marcar a corrida presidencial. A pedido de Lula, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega prepara um documento em que não só defende a gestão petista, mas também reconhece seus equívocos.
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