Cesta básica consome 56% da renda de quem ganha salário mínimo em fevereiro
Trabalhadores que ganham um salário mínimo (R$ 1.212) comprometeram mais da metade (56,1%) de seu rendimento mensal com o preço médio da cesta básica em fevereiro, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A conta considera o salário mínimo líquido — isto é, após o desconto de 7,5% da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Em janeiro, esse percentual foi um pouco menor, de 55,2%.
São Paulo é a capital com a cesta básica mais cara do país, custando R$ 715,65, em média — o que corresponde a 63,83% do salário mínimo líquido. Depois, aparecem Florianópolis (R$ 707,56 — 63,11%) e Rio de Janeiro (R$ 697,37 — 62,2%). (Veja ranking completo abaixo)
- São Paulo: R$ 715,65 (63,83% do salário mínimo líquido)
- Florianópolis: R$ 707,56 (63,11%)
- Rio de Janeiro: R$ 697,37 (62,2%)
- Porto Alegre: R$ 695,91 (62,07%)
- Vitória: R$ 682,54 (60,88%)
- Campo Grande: R$ 678,43 (60,51%)
- Brasília: R$ 670,90 (59,85%)
- Curitiba: R$ 652,90 (58,24%)
- Belo Horizonte: R$ 642,01 (57,27%)
- Goiânia: R$ 641,09 (57,18%)
- Fortaleza: R$ 609,60 (54,38%)
- Belém: R$ 574,86 (51,28%)
- Natal: R$ 557,20 (49,7%)
- Salvador: R$ 552,30 (49,26%)
- João Pessoa: R$ 549,33 (49%)
- Recife: R$ 549,20 (48,99%)
- Aracaju: R$ 516,82 (46,1%)
Feijão, café e óleo sobem
O preço médio do quilo do feijão subiu em todas as 17 capitais analisadas pelo Dieese em fevereiro. Para o tipo carioquinha, pesquisado nas capitais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e em Belo Horizonte e São Paulo, as altas variaram de 1,81%, em Natal, a 10,14%, em Belo Horizonte, puxadas pela baixa oferta e pela redução da área plantada.
Já o feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, registrou aumentos de 1,2% (Vitória) a 7,25%, no Rio de Janeiro. "Houve aumento da procura nos centros consumidores, o que elevou as cotações", explicou o Dieese.
O quilo do café em pó, por sua vez, só não subiu em São Paulo, onde registrou queda de 3,86% em fevereiro. Dentre as demais regiões, as maiores altas foram verificadas em Goiânia (7,77%), Vitória (5,38%) e Aracaju (5,02%) — consequência da queda de volume produzido na safra atual, que está impactando o preço do café nos mercados futuros, com reflexos no varejo.
O aumento da demanda no exterior por óleo de soja, causado pela redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia, também fez o preço do produto subir em ao menos 15 capitais, ainda de acordo com o Dieese. As altas oscilaram de 0,11%, em Brasília, a 2,98%, em Curitiba. Só em Fortaleza (-0,86%) e João Pessoa (0,42%) o óleo de soja ficou mais barato.
Salário mínimo ideal
Com base na cesta básica mais cara — que, em fevereiro, foi a de São Paulo —, o Dieese ainda calcula que o salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.012,18 no mês passado, o suficiente para suprir as despesas com alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência Social, como determina a Constituição.
Esse valor, porém, corresponde a 4,96 vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.212. Se comparado à renda média do trabalhador brasileiro, que em 2021 foi de R$ 2.587, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é de 2,32 vezes.
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