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Cesta básica consome 56% da renda de quem ganha salário mínimo em fevereiro

Em SP, que tem a cesta básica mais cara do país, valor corresponde a mais de 59% do salário mínimo - Carla Carniel/Reuters
Em SP, que tem a cesta básica mais cara do país, valor corresponde a mais de 59% do salário mínimo Imagem: Carla Carniel/Reuters

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

14/03/2022 16h39Atualizada em 14/03/2022 18h28

Trabalhadores que ganham um salário mínimo (R$ 1.212) comprometeram mais da metade (56,1%) de seu rendimento mensal com o preço médio da cesta básica em fevereiro, segundo cálculos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A conta considera o salário mínimo líquido — isto é, após o desconto de 7,5% da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Em janeiro, esse percentual foi um pouco menor, de 55,2%.

São Paulo é a capital com a cesta básica mais cara do país, custando R$ 715,65, em média — o que corresponde a 63,83% do salário mínimo líquido. Depois, aparecem Florianópolis (R$ 707,56 — 63,11%) e Rio de Janeiro (R$ 697,37 — 62,2%). (Veja ranking completo abaixo)

  • São Paulo: R$ 715,65 (63,83% do salário mínimo líquido)
  • Florianópolis: R$ 707,56 (63,11%)
  • Rio de Janeiro: R$ 697,37 (62,2%)
  • Porto Alegre: R$ 695,91 (62,07%)
  • Vitória: R$ 682,54 (60,88%)
  • Campo Grande: R$ 678,43 (60,51%)
  • Brasília: R$ 670,90 (59,85%)
  • Curitiba: R$ 652,90 (58,24%)
  • Belo Horizonte: R$ 642,01 (57,27%)
  • Goiânia: R$ 641,09 (57,18%)
  • Fortaleza: R$ 609,60 (54,38%)
  • Belém: R$ 574,86 (51,28%)
  • Natal: R$ 557,20 (49,7%)
  • Salvador: R$ 552,30 (49,26%)
  • João Pessoa: R$ 549,33 (49%)
  • Recife: R$ 549,20 (48,99%)
  • Aracaju: R$ 516,82 (46,1%)

Feijão, café e óleo sobem

O preço médio do quilo do feijão subiu em todas as 17 capitais analisadas pelo Dieese em fevereiro. Para o tipo carioquinha, pesquisado nas capitais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e em Belo Horizonte e São Paulo, as altas variaram de 1,81%, em Natal, a 10,14%, em Belo Horizonte, puxadas pela baixa oferta e pela redução da área plantada.

Já o feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, registrou aumentos de 1,2% (Vitória) a 7,25%, no Rio de Janeiro. "Houve aumento da procura nos centros consumidores, o que elevou as cotações", explicou o Dieese.

O quilo do café em pó, por sua vez, só não subiu em São Paulo, onde registrou queda de 3,86% em fevereiro. Dentre as demais regiões, as maiores altas foram verificadas em Goiânia (7,77%), Vitória (5,38%) e Aracaju (5,02%) — consequência da queda de volume produzido na safra atual, que está impactando o preço do café nos mercados futuros, com reflexos no varejo.

O aumento da demanda no exterior por óleo de soja, causado pela redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia, também fez o preço do produto subir em ao menos 15 capitais, ainda de acordo com o Dieese. As altas oscilaram de 0,11%, em Brasília, a 2,98%, em Curitiba. Só em Fortaleza (-0,86%) e João Pessoa (0,42%) o óleo de soja ficou mais barato.

Salário mínimo ideal

Com base na cesta básica mais cara — que, em fevereiro, foi a de São Paulo —, o Dieese ainda calcula que o salário mínimo necessário para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.012,18 no mês passado, o suficiente para suprir as despesas com alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência Social, como determina a Constituição.

Esse valor, porém, corresponde a 4,96 vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.212. Se comparado à renda média do trabalhador brasileiro, que em 2021 foi de R$ 2.587, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é de 2,32 vezes.