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Brasil é autossuficiente, mas quanto falta para virar gigante do petróleo?

Autossuficiente em petróleo desde 2015, por que o Brasil ainda importa a matéria-prima? - PA via BBC
Autossuficiente em petróleo desde 2015, por que o Brasil ainda importa a matéria-prima? Imagem: PA via BBC

Vinicius de Oliveira

Colaboração para o UOL

30/03/2022 04h00

O Brasil é considerado autossuficiente em petróleo desde 2015, quando o país passou a produzir mais do que consome o recurso. De acordo com dados do governo, o Brasil fabrica mais de três milhões de barris por dia do chamado "ouro negro".

Apesar de impressionante, o número é menos de um quinto da produção dos Estados Unidos, maior produtor de petróleo do mundo. O país também fica atrás de Arábia Saudita e Rússia, que completam as três primeiras posições, com mais de 10 milhões de barris por dia.

No ranking mundial, o Brasil está em nono lugar entre os maiores produtores do "ouro negro". Os dados são de julho de 2021 e foram compilados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).

Confira as dez primeiras posições:

1º - Estados Unidos - 16,476 milhões de barris por dia (MMbbl/d)
2º - Arábia Saudita - 11,039 milhões de barris por dia
3º - Rússia - 10,667 milhões de barris por dia
4º - Canadá - 5,135 milhões de barris por dia
5º - Iraque - 4,114 milhões de barris por dia
6º - China - 3,901 milhões de barris por dia
7º - Emirados Árabes Unidos - 3,657 milhões de barris por dia
8º - Irã - 3,084 milhões de barris por dia
9º - Brasil - 3,026 milhões de barris por dia
10º - Kuwait - 2,686 milhões de barris por dia

No mundo todo, são produzidos um total de 88,4 milhões de barris de petróleo por dia. Isto significa que o Brasil é atualmente responsável por apenas 3% da produção mundial.

Estados Unidos (19%), Rússia (12%) e Arábia Saudita (12%) e Canadá (6%) são responsáveis por quase metade de todo "ouro negro" produzido no mundo.

A expectativa é que o Brasil tenha um crescimento de 10% na produção de petróleo neste ano.

Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, devido a uma alta demanda do mercado e pedidos por maior produção por parte de outras nações, como os Estados Unidos, e à guerra da Rússia contra a Ucrânia.

Se a produção do Brasil aumentar em 300 mil barris por dia, o país chegará a 3,3 milhões de barris por dia e pode ultrapassar o Irã em produção, aproximando-se da 7ª posição, hoje ocupada pelos Emirados Árabes.

Por que o Brasil importa combustíveis se é autossuficiente em petróleo?

Apesar de ser considerado autossuficiente em petróleo, o Brasil compra do exterior derivados do recurso natural, por conta das características do produto que é extraído no país e da estrutura das nossas refinarias.

Boa parte das nossas refinarias foi construída na década de 1970, quando o petróleo do tipo leve era importado.

Com a descoberta e a extração do recurso na Bacia de Campos, as refinarias se adaptaram para refinar o produto brasileiro, que era do tipo pesado.

Mais recentemente, com a extração no pré-sal, o Brasil passou a obter um petróleo do tipo médio. Sem maquinário específico nas refinarias para esse tipo de combustível, ele passou a ser exportado.

O país acaba importando derivados do petróleo para compor um "blend" —uma mistura de petróleo brasileiro com outros tipos e que possibilita o refino aqui.

Como é a política de preços nos países?

No Brasil, os preços do petróleo e seus derivados seguem a cotação em dólar.

Essa política é chamada de preço de paridade internacional (PPI) e foi implementada em 2016, durante o governo de Michel Temer. Os reajustes não têm prazo fixo para acontecer.

Desde então, a gasolina e o óleo diesel tiveram reajuste de 157%, ante uma inflação de 31,5% no período, de acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Situação semelhante aconteceu nos Emirados Árabes Unidos. Até 2015, as estatais tinham que arcar com a diferença do preço de importação e o preço praticado no mercado interno. Daquele ano em diante, os valores passaram a acompanhar a cotação internacional e os reajustes são mensais.

A China adota política similar desde 2013, reajustando o preço da gasolina a cada 10 dias úteis conforme a flutuação do mercado internacional.

Iraque e Arábia Saudita também estão na lista de países que estão cortando os subsídios governamentais dos combustíveis fósseis e adotando paridade com o preço internacional.

Porém, esses países estão na lista da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) dos que mais deram subsídios para o consumo de combustíveis fósseis em 2020.

O governo da China gastou mais de US$ 21,7 bilhões (1º lugar) em subsídios aos derivados de petróleo, sendo seguida pela Índia (2º lugar) e Arábia Saudita (3º lugar). O Iraque aparece em décimo na lista.

Do lado de quem subsidia a gasolina, também está o Irã. O país é sétimo na lista da IEA e tem um dos combustíveis mais baratos do mundo. O litro da gasolina custa US$ 0,051 (ou R$ 0,253), de acordo com o Global Petrol Prices, organização que monitora preços dos combustíveis fósseis em todo o mundo.

Nos Estados Unidos, há total liberdade para o reajuste de preços. As oscilações do preço internacional são repassadas às distribuidoras, que transferem aos postos de gasolina. No entanto, as variações não costumam ser diárias, pois as empresas usam seus estoques para amortecê-las.

A mesma situação acontece no Canadá, mas o país tributa pesadamente os combustíveis fósseis para tentar inibir o seu consumo e estimular o uso de alternativas sustentáveis. Atualmente, os canadenses pagam uma taxa extra de 8,8 centavos de dólar canadense (R$ 0,33) a cada litro de combustível devido ao imposto sobre a emissão de carbono.