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Blogueira e marido são investigados por fraude e Justiça bloqueia R$ 100 mi

Ana Pink é investigada por esquema de lavagem de dinheiro; ela está em prisão domiciliar e o marido está em um centro de detenção - Reprodução/TV Globo
Ana Pink é investigada por esquema de lavagem de dinheiro; ela está em prisão domiciliar e o marido está em um centro de detenção Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, em São Paulo

29/04/2022 12h02Atualizada em 29/04/2022 12h06

A influenciadora e empresária Ana Paula Ferreira, mais conhecida como Ana Pink, e seu marido estão sendo investigados pelo Ministério Público por suspeita de comandar um esquema de lavagem de dinheiro e organização criminosa, em Ribeirão Preto (SP). Ana Pink é CEO da Wowe, uma empresa digital facilitadora de crédito.

Segundo a TV Globo, por ter filhos menores de idade, ela está em prisão domiciliar. O marido Maiclerson Gomes da Silva, apelidado de Maick Gomes, está detido no Centro de Detenção Provisória de Ribeirão Preto. Ambos foram presos em uma casa avaliada em R$ 2 milhões no mês de março, em condomínio de luxo em Bonfim Paulista. O filho de 19 anos do casal é acusado de também participar do esquema criminoso.

O Ministério Público alega que oito pessoas estão envolvidas nas fraudes que seriam lideradas pelo casal. Na lista de bens bloqueados, que totalizam em mais de R$ 100 milhões, ainda constam três apartamentos no bairro nobre Jardim Olhos d'Água.

Segundo a reportagem da TV Globo, a investigação aponta que o esquema começava com um hacker entrando na base de dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) para roubar cadastros dos aposentados — numa primeira investida seriam 360 mil nomes.

Com as informações dos aposentados, agentes bancários faziam empréstimos consignados sem que as vítimas pedissem o dinheiro, mas ele ia para a conta e a dívida tinha de ser paga em 80 meses e com juros. Os suspeitos teriam faturado R$ 10 milhões em comissões.

O promotor de justiça Frederico Meloni Camargo detalhou os crimes cometidos: falsificação de assinaturas, multiplicidade de empréstimos feitos numa conta de uma mesma vítima, falsa identidade de agentes bancários, edição de áudios e registros de reclamações de clientes lesados e até fotografias forjadas para dar "aparência de legalidade" no contrato.

O crédito que seria "vantajoso" acompanhava encargos não planejados e parcelas "intermináveis". "Pessoas sem condições de sequer ter uma educação financeira para interpretar aquele desfalque, o que significava aquele empréstimo, o que ao final vai ter que pagar e quanto aquilo vai afetar a aposentadoria", disse Camargo, à Globo. "Nossa tentativa agora é reverter essa situação."

Ostentação e outro lado

Em mensagens de celular, o marido da influenciadora, Maiclerson Gomes da Silva, apelidado de Maick Gomes, chama a esposa de rica e ela responde que quer terminar o ano de 2020 com "uns R$ 4 milhões" na conta, dois apartamentos, uma casa e um total de R$ 800 mil em carros, e ainda projetou que aos 48 anos a vida deles seria viajar.

A empresária negou envolvimento em esquema criminoso. "Não existe nenhuma vítima nesse processo. Não foi reclamação por parte de nenhum cliente e nem mesmo dos bancos, então não faço ideia do porque de tudo isso", disse ela, à emissora.

Ao ser questionada sobre as pessoas não terem conhecimento do empréstimo, ela se defendeu dizendo que todos os contratos estão de acordo. "Não é verdadeiro. Um dos bancos já se manifestou essa semana e afirmou que todos os contratos estão de acordo e não existe nenhuma fraude".

À Globo, o INSS diz que não compartilha dados pessoais dos aposentados e que a operação de empréstimo consignado é realizada diretamente entre o banco e o cliente.