Lucro histórico da Petrobras vai render R$ 14 bilhões aos cofres da União
O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou na noite de quinta-feira (5) o lucro da Petrobras, considerado por ele um "absurdo". Mas o governo será justamente o maior beneficiado pelo resultado. Dos R$ 48,5 bilhões que serão distribuídos pela companhia como dividendos relativos ao primeiro trimestre do ano, a União receberá aproximadamente R$ 14 bilhões.
Isso acontece porque a União é a principal acionista da Petrobras, com 28,7% da companhia. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), também estatal, tem 7,9% das ações. O banco receberá dividendos da ordem de R$ 3,8 bilhões.
Confira abaixo a distribuição societária da Petrobras e os dividendos —que são uma parcela do lucro da empresa— a serem recebidos por cada grupo:
Percentual na companhia/dividendo (1º trimestre de 2022)
- União: 28,7%/R$ 13,9 bilhões
- Estrangeiros: 24,6%/R$ 11,9 bilhões
- ADR (recibos de ações negociados no exterior): 20,5%/R$ 9,9 bilhões
- Demais empresas e pessoas físicas: 17,1%/R$ 8,3 bilhões
- BNDES (inclui BNDESPar): 7,9%/R$ 3,8 bilhões
- FMP-FGTS Petrobras (fundos de ações da companhia): 1,1%/R$ 500 milhões
Lucro bilionário no primeiro trimestre
Com a disparada dos preços do petróleo, na esteira da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras anunciou na noite de quinta-feira (5) um lucro de R$ 44,5 bilhões. Foi o terceiro melhor resultado registrado por uma companhia aberta (com ações em Bolsa) no Brasil.
Com esse desempenho, a petrolífera aprovou a distribuição de R$ 48,5 bilhões aos seus acionistas.
Durante a noite, em transmissão pelas redes sociais, Bolsonaro considerou o lucro da companhia um "absurdo" e um "estupro". "Ela [a empresa] deve ter a função social. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo", afirmou o presidente. Ao mesmo tempo, ele afirmou que não interfere na empresa.
Desde o ano passado, o avanço nos preços dos combustíveis tem merecido a atenção de Bolsonaro, que tentará a reeleição em 2022. Em abril, ele decidiu demitir o general Joaquim Silva e Luna do comando da estatal e nomear José Mauro Coelho para a vaga. O próprio Silva e Luna havia substituído Roberto Castello Branco, também criticado pelo aumento dos preços.
Dividendos para a União
Os R$ 48,5 bilhões de dividendos serão pagos pela Petrobras em duas parcelas iguais: a primeira em 20 de junho e a segunda em 20 de julho.
No caso da União, as parcelas serão incorporadas ao Orçamento, em um montante total próximo de R$ 14 bilhões. Com isso, o Tesouro utiliza os recursos para pagar juros da dívida pública.
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