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Presidente da Petrobras diz que Bolsonaro não lhe fez pedido sobre preços

José Mauro Ferreira Coelho, chefe da Petrobras que é o terceiro a assumir o cargo na gestão Bolsonaro. - Jefferson Rudy/Agência Senado
José Mauro Ferreira Coelho, chefe da Petrobras que é o terceiro a assumir o cargo na gestão Bolsonaro. Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

04/05/2022 16h32

Em entrevista ao Estadão, o novo presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, negou que Jair Bolsonaro (PL) tenha lhe feito qualquer pedido específico com relação à política de preços dos combustíveis. Segundo o novo comandante da estatal, o chefe do Executivo só teria pedido para que ele conduzisse a companhia.

Doutor em planejamento energético pelo Programa de Planejamento Energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ele também foi presidente do conselho de administração da Pré-Sal Petróleo e secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia até outubro de 2021. Ele substituiu Joaquim Silva e Luna no comando da estatal.

Coelho foi questionado sobre o quanto o cenário externo impactava o mercado de combustíveis, no que o executivo da Petrobras respondeu que o cenário seria bastante desafiador por dois fatores: as incertezas da pandemia e da invasão da Ucrânia por parte da Rússia. Ele comentou que as sanções impostas à Rússia afetavam o mercado de diesel.

Sobre o discurso de que a importância do petróleo e dos combustíveis fósseis estariam chegando ao fim, José Coelho aponta que as transições energéticas costumam ser lentas e que portanto ainda estaria distante um futuro sem a participação do petróleo. " Ficou muito claro no conflito entre Rússia e Ucrânia que a transição energética deve ser feita com segurança energética.", ele disse.

Na entrevista ao Estadão, Coelho foi enfático na defesa de que a Petrobras praticasse preços de mercado, dizendo que os preços ajustados gerariam concorrência, que por sua vez, seria benéfica à população. Outro argumento foi de que a estatal, por ser listada na bolsa, ter capital aberto e pela legislação interna e externa, deveria ter também saúde financeira, e quando se tentou mudar a política de preços o resultado foi ruim.

Coelho cita que, em 2014, a Petrobras tinha uma dívida de 160 bilhões de dólares, a que ele atribui a uma política equivocada.

Questionado pelo fato de que os dois últimos presidentes da estatal teriam sido criticados por Bolsonaro, Coelho garantiu não ter recebido nenhuma orientação do presidente da República. "A missão é bem conduzir a companhia. Claro que tem uma questão que eu diria que é minha mesmo, de melhorar a comunicação. Acho que isso é fundamental".

Coelho disse que Jair Bolsonaro já teria entendido a importância de se praticar preços alinhados ao mercado. Sobre comunicação, o presidente da Petrobras disse que era necessário estar onde a população estaria, se referindo às redes sociais.

Contexto dos combustíveis no Brasil

A gasolina contribuiu com o maior impacto individual no índice inflacionário do mês de abril, reflexo do reajuste no preço médio do combustível nas refinarias. Também subiram os preços do óleo diesel (13,11%), do etanol (6,60%) e do gás veicular (2,28%). A inflação para o mês passado foi a maior para abril em 27 anos.

O preço dos combustíveis impacta a inflação de forma indireta também, pelo fato do transporte de produtos se dar de forma majoritária, pelo meio rodoviário. O segundo grupo que mais impactou a inflação no mês passado foi o de alimentos e bebidas, que foi afetado também pelo preço da gasolina.

O preço médio da gasolina comum subiu a R$ 7,27 na semana entre 17 e 23 de abril, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) — o maior patamar desde que o órgão começou a divulgar o levantamento semanal de preços, em 2004.