Presidente do Itaú: Alta de juros vai exigir resiliência dos bancos
O presidente do Itaú, Milton Maluhy, disse, em entrevista à agência Bloomberg, que a solidez favorece o banco em meio à alta de juros no país.
"A alta de juros e a menor demanda por crédito vão exigir dos bancos bastante resiliência operacional", disse Maluhy à agência, em resposta a perguntas enviadas por e-mail. "Isso eventualmente favorecerá quem acumula mais conhecimento sobre mercado e possui uma sólida estrutura de capital."
O Itaú acumulou queda de 35% em suas ações entre 2019 e 2020, perdendo R$ 130 bilhões em valor de mercado, enquanto concorrentes digitais deslanchavam. Havia um temor de que bancos tradicionais não conseguissem acompanhar a revolução digital, algo que não se concretizou, diz a agência. Hoje, 15 meses após assumir Maluhy assumir o cargo, houve recuperação do preço de 18% desde o começo do ano, além de dividendos crescentes.
Enquanto isso, empresas de tecnologia financeira caíram até 50% este ano, segundo a agência, "devido ao ceticismo de que vão conseguir cumprir suas promessas de crescimento em um ambiente mais hostil".
Maluhy, que começou a trabalhar no Itaú em 2002 e já liderou operações do Itaú no Chile e na Colômbia, diz que é preciso construir uma organização "mais simples, ágil e eficiente" e afirma que o foco da empresa é "cada vez mais essa transformação cultural e digital."
Conforme a Bloomberg, o banco está à procura de aquisições e parcerias, com analistas do BTG Pactual dizendo que o Itaú está em "modo de ataque" no setor de tecnologia.
O banco vai investir cerca de R$ 1 bilhão para ser sócio do braço de fintech do grupo de tecnologia Totvs, ilustrando as crescentes apostas na oferta combinada de serviços financeiros e de gestão para empresas de pequeno e médio portes no Brasil.
A agência também menciona parcerias com a Locaweb, provedora de serviços web, e com a Omie, que oferece programas de gestão de negócios para empresas. O objetivo, segundo o presidente, é liderar o processo de transformação digital por meio de investimentos e, sobretudo, por meio de uma mudança cultural dentro do banco.
Diksha Gera, analista da Bloomberg Intelligence, avalia, no entanto que a concorrência mais acirrada das fintechs "continuará sendo um risco-chave para o Itaú, especialmente para seus negócios de cartões". Ela também diz que a economia em dificuldades no Brasil e a incerteza política também pesarão negativamente no crescimento.
Questionado sobre sua avaliação de perspectivas para o Brasil, Maluhy diz que a guerra na Ucrânia levou a uma disparada dos preços das commodities, o que eleva a inflação no mundo todo, "mas também resulta em atividade econômica mais forte nos países produtores de commodities, como o Brasil".
Ele diz acreditar que o BC (Banco Central) deve elevar ainda mais a Selic "para conter esse novo choque inflacionário". No início do mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu pelo décimo aumento consecutivo da taxa básica de juros — o ciclo de alta da taxa básica de juros saiu de 2% em março de 2021 para os atuais 12,75%.
"E o pano de fundo do aperto monetário nos EUA apenas contribui nessa direção, uma vez que a alta dos juros por lá deve pressionar as taxas de câmbio nos mercados emergentes", completou.
Maluhy disse ainda que a base de clientes ativos é robusta, com quase 60 milhões de pessoas e empresas. "Temos cerca de R$ 3 trilhões de ativos sob custódia e R$ 1 trilhão em crédito concedido."
Segundo ele, o objetivo do banco é "combinar cada vez mais o atendimento remoto e físico". O executivo também ressalta que o número de funcionários do Itaú cresceu na comparação com 2018, com ênfase na contratação de profissionais da área de tecnologia.
"Nos últimos anos, fizemos uma revisão de onde e como usamos nossos recursos e nos adaptamos. Veja o número de colaboradores: ao final de 2018, tínhamos 86.800 colaboradores diretos no Brasil. Em dezembro de 2021, esse número saltou para 87.340, com ênfase para a contratação de profissionais da área de tecnologia."
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