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Economista de Tebet: 'Bolsonaro quer tomar conta da Petrobras igual o PT'

Elena Landau, ex-diretora do BNDES e coordenadora do programa econômico de Simone Tebet (MDB) - Reinaldo Canato/Folhapress
Elena Landau, ex-diretora do BNDES e coordenadora do programa econômico de Simone Tebet (MDB) Imagem: Reinaldo Canato/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

25/05/2022 09h49Atualizada em 25/05/2022 10h20

Elena Landau, ex-diretora de privatização do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e coordenadora econômica da campanha eleitoral da presidenciável Simone Tebet (MDB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não quer resolver a inflação dos combustíveis com a nova mudança no comando da Petrobras, e sim "tomar conta da empresa, exatamente como foi feito em governos do PT".

A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo. Para Landau, o presidente Bolsonaro quer "entregar a diretoria aos amigos" em referência a parlamentares do Centrão, aliados do governo.

Bolsonaro não tem interesse nenhum em resolver o problema dos preços dos combustíveis para quem precisa. Se ele tivesse, já teria feito. O que ele quer é intervir na empresa e retomá-la para entregá-la ao Centrão.
Elena Landau em entrevista ao jornal O Globo

A mais recente troca na presidência da Petrobras, anunciada na segunda-feira (23), derrubou as ações da Petrobras e reforçou a atenção do mercado com o risco de que a interferência afete o dia a dia e os projetos de longo prazo da petroleira. É a terceira mudança feita pelo governo Bolsonaro no comando da Petrobras, a segunda em 2022.

Nas duas primeiras trocas, a interferência do governo federal —controlador da petroleira— foi vista como movimento de impactos limitados ao curto prazo da companhia, sem ameaçar projetos nem o valor dos ativos no longo prazo. Agora, porém, cresce a preocupação de que a interferência de Bolsonaro afete a Petrobras em seus projetos de longo prazo que estão, por exemplo, contemplados no plano estratégico 2022-2026.

"Toda vez que Bolsonaro abre a boca com ideias estapafúrdias, piora a situação. O valor da Petrobras cai, os lucros e a distribuição de dividendos diminuem. Além disso, a gente está com um impacto do câmbio muito maior do que o justificável".

Ela diz que o governo poderia usar os lucros da Petrobras, alvo de críticas do presidente Bolsonaro, para fazer uma política pública de qualidade. "Em vez de brigar com os estados na questão da alíquota do ICMS, poderia ter feito um acordo para usar arrecadação para subsidiar transporte público", exemplificou.

Há duas semanas, o presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas ao lucros da Petrobras, chegando a afirmar que a estatal estava "obesa e gorda". Bolsonaro omitiu que o governo é o maior acionista da empresa —-ou seja, o lucro da empresa garante verba para o caixa do governo. E insinuou que os reajustes da Petrobras são feitos para afetar a sua imagem. "Não adianta querer atingir o presidente, quem paga a conta é todo o Brasil."

Ela também comparou a atuação de Bolsonaro a governos anteriores do PT. "Bolsonaro já ameaçou mudar o Estatuto da Petrobras. Arthur Lira já está com a mudança da Lei das Estatais na gaveta. Tudo isso é para fazer exatamente o que a Dilma fazia na Petrobras, é o mesmo tipo de pensamento. O ministro Adolfo Sachsida (de Minas e Energia), que se diz liberal, fazer parte desse pacto de intervenção mostra que a eleição está acima de qualquer coisa para ele".

Para Landau, o presidente Bolsonaro quer intervir na Petrobras com fins eleitoreiros.

Quem é Elena Landau?

Ex-filiada do PSDB, partido em que militou por 25 anos, Elena Landau ocupou a diretoria de privatização do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ela deixou o PSDB no final de 2017. Nessa época, ardiam nas manchetes a deterioração moral do então correligionário Aécio Neves e a rendição do tucanato ao fisiologismo do governo de Michel Temer.

A despeito de ter deixado o ninho, a economista manteve a proximidade com tucanos históricos. Entre eles o senador Tasso Jereissati, responsável por sua filiação ao PSDB. Hoje, Tasso diz publicamente que a melhor alternativa a Lula e Bolsonaro é Simone Tebet.