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A apoiadores, Bolsonaro ignora acusações contra Pedro Guimarães

Presidente Jair Bolsonaro ao lado do jornalista Tucker Carlson no Palácio do Planalto - Reprodução/Facebook Jair Messias Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro ao lado do jornalista Tucker Carlson no Palácio do Planalto Imagem: Reprodução/Facebook Jair Messias Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

29/06/2022 11h18

Reunido hoje com apoiadores no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não fez comentários sobre as denúncias de assédio sexual feitas contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.

Acompanhado do jornalista Tucker Carlson, da emissora estadunidense Fox News, Bolsonaro falou apenas sobre a agenda prevista para os próximos dias e ouviu os apoiadores. Nenhum dos presentes chegou a questioná-lo do assunto.

Pedro Guimarães, por sua vez, participou pela manhã de um evento do banco, em Brasília, para divulgar o Plano Safra 2023. Em discurso, ele disse que tem "uma vida pautada pela ética".

"Quero agradecer a presença de todos vocês, da minha esposa. São quase 20 anos juntos, dois filhos e uma vida inteira pautada pela ética. Tanto é verdade que, quando eu assumi o banco, ele tinha os piores ratings [classificações] das estatais. [Foram] dez anos de balanços com ressalvas. E hoje a gente é um exemplo. Então tenho orgulho do trabalho de todos vocês e da maneira como eu sempre me pautei em toda a minha vida", afirmou.

Após as primeiras denúncias, publicadas pelo jornal Metrópoles ontem, a coletiva de imprensa do lançamento do programa tinha sido cancelada. O evento seguiu fechado para a imprensa.

Segundo a colunista do UOL Thays Oyama, a demissão de Guimarães após as acusações é certa e está prevista para hoje. Porém, o chefe da Caixa, um dos aliados mais próximos de Bolsonaro ao longo do mandato, quer sair com a narrativa de que escolheu pedir a exoneração para cuidar da sua defesa e não prejudicar o presidente.

No entanto, essa versão ainda não é consensual entre os conselheiros de Bolsonaro, que avaliam o impacto das denúncias na campanha pela reeleição ao Planalto.

Entenda as denúncias

As denúncias, que incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho, começaram a surgir no fim do ano passado. Todas as mulheres que falaram ao site Metrópoles, sem que seus nomes fossem divulgados, trabalham ou trabalharam em equipes que atendem diretamente ao gabinete da presidência da Caixa.

As cinco entrevistadas disseram que se sentiram abusadas em diferentes ocasiões, e sempre em compromissos de trabalho. Os casos aconteceram, muitas vezes, em viagens relacionadas ao programa Caixa Mais Brasil.

Segundo relato, o presidente do banco escolhe, preferencialmente, "mulheres bonitas" para as comitivas nas viagens. De acordo com Ana*, uma das funcionárias que denunciaram o assédio, o comunicado de escolha é como um prêmio.

Outra prática comum, segundo as funcionárias, é que mulheres que despertam a atenção de Guimarães durante as viagens sejam chamadas para atuar em Brasília, muitas vezes promovidas hierarquicamente sem preencher requisitos necessários. A prática deu, inclusive, origem a uma expressão usada para se referir a elas: "disco voador".

Em contato com o UOL, o Ministério da Economia disse que não irá se manifestar sobre o caso.

Em nota, a Caixa afirma que "não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo e que adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio.". Ainda no texto enviado ao UOL, a instituição diz que "o banco possui um sólido sistema de integridade, ancorado na observância dos diversos protocolos de prevenção, ao Código de Ética e ao de Conduta, que vedam a prática de 'qualquer tipo de assédio, mediante conduta verbal ou física de humilhação, coação ou ameaça'".

O UOL também entrou em contato com Pedro Guimarães por e-mail e por telefone para comentar as denúncias. O texto será atualizado em caso de manifestação.