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Presidente da Caixa se diz antissocialista e já brigou com Maria do Rosário

Daniella Marques Consentino, nova presidente da Caixa - Valter Campanato/Agência Brasil
Daniella Marques Consentino, nova presidente da Caixa Imagem: Valter Campanato/Agência Brasil

Colaboração para o UOL, em Brasília

29/06/2022 19h31

Próxima do ministro da Economia, Paulo Guedes, a nova presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques Consentino, 42 anos, integra o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o início do mandato, em que começou atuando como chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos da pasta, em janeiro de 2019.

De lá para cá, ela tem se envolvido em algumas polêmicas. No primeiro ano de governo, em comissão sobre a reforma da Previdência, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) disse que Guedes era "tigrão" com os aposentados e professores, e "tchutchuca" com os "amigos banqueiros". Em meio à confusão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) afirmou ter sido ofendida por Daniella, e exigiu que a então auxiliar de Guedes fosse levada para a delegacia da Polícia Legislativa na Câmara. Não houve registro de ocorrência.

Procurada para falar da briga, a deputada afirmou que Marques pareceu não entender as limitações de seu cargo. "Eu não a conhecia e ainda não a conheço. Talvez seja uma pessoa que, na oportunidade, me pareceu simplesmente não saber o limite de sua atuação em um debate oficial entre Poderes, ou seja, entre parlamentares e ministro", disse à época.

Errou título de ícone do neoliberalismo

Em março deste ano, a então secretária Produtividade e Competitividade afirmou, incorretamente, que a ex-primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher foi primeira-dama: "Ela tirou o Reino Unido do socialismo e botou o Reino Unido em um caminho de prosperidade. Sabe qual a frase que ela tinha? 'Qualquer mulher que entenda os problemas de cuidar de uma casa está quase apta a entender os problemas de cuidar de um país'", afirmou a secretária.

Dá esmola com Pix

Na mesma transmissão, Daniella Marques disse que "até esmola" é em Pix no país, ao comemorar o sucesso da plataforma de transferência de recursos, que começou a ser planejada em 2016, durante o governo então presidente Michel Temer.

"O Pix revolucionou. Estamos falando de transações sem taxa, que deu acesso ao empreendedorismo" no Brasil, disse Daniella. "Isso deu acesso ao empreendedorismo aqui. Você compra uma caixa de morango no semáforo e ele te entrega o papelzinho com o número do Pix, na praia você compra mate, biscoito, até esmola é em Pix, tudo".

Daniella costuma defender o presidente e afirmar que nunca o viu adotar posturas antidemocráticas, apesar de Bolsonaro ter apoiado publicamente atos com viés golpista, como nos protestos de 7 de setembro de 2021. Para ela, seu papel é explicar a Bolsonaro a agenda econômica e convencê-lo a apoiá-la.

O encontro com Bolsonaro

Paulo Guedes começou a trabalhar com Bolsonaro em 2018, para formular o que seria seu programa econômico. Mais tarde, seria anunciado pelo então candidato como futuro ministro e "posto Ipiranga" de sua gestão para assuntos econômicos. Com Guedes, Daniella fundou a gestora de recursos Bozano Investimentos, mas resolveu embarcar no governo ao lado do sócio ao assistir, em julho de 2018, ao lançamento da candidatura de Bolsonaro à presidência, pelo PSL, no Centro de Convenções Sul-América, no centro do Rio.

Ela diz ter sido tocada pelo clima de festa, pela emoção das pessoas, as músicas, as placas, as faixas e a atmosfera de esperança. "Ela ficou entusiasmada e emocionada com o discurso de transformação. Me disse 'eu quero ir para Brasília te ajudar a transformar o Brasil' e pediu para entrar no time", diz Guedes. "Ela mergulhou na jornada neste dia". Quando Bolsonaro foi eleito e Guedes montou sua equipe de 21 "supersecretários", Daniella era a única mulher da equipe.

Trajetória profissional

Do interior do Rio e moradora da Barra da Tijuca, Daniella Marques é formada em administração pela PUC-RJ e tem MBA em finanças. Filha de um funcionário de carreira do Banco do Brasil e de uma professora estadual, fez fortuna antes dos 30 anos trabalhando no mercado financeiro.

Foi sócia de gestoras de recursos independentes antes de começar a trabalhar com Guedes, em 2012. Juntos, fundaram no ano seguinte a gestora de recursos Bozano Investimentos. Depois, com a saída dos dois sócios, em 2018, a empresa virou Crescera Investimentos.