Betzord: o que faz empresa pivô de investigação contra Deolane e Tirullipa?
Dois mandados de busca e apreensão nas mansões dos influenciadores digitais Deolane Bezerra e Tirullipa, em Alphaville (SP), colocaram a Betzord sob o holofote da imprensa e das redes sociais. Mas a empresa — que se descreve como um grupo de "investimentos esportivos" — já estava na mira da Polícia Civil de São Paulo.
A Betzord — que tem como donos Matheus Gomes, Rafael Gomes e o influenciador Lucas Tylty — está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo por suposto crime contra a economia popular e associação criminosa. Já Deolane e Tirullipa foram elencados na investigação por publicidade supostamente ilegal promovida por empresa investigada.
Mas, afinal de contas, o que faz a Betzord?
Inicialmente batizada sob o nome fantasia "Futebol Trade", a Betzord está registrada na Receita Federal com o nome oficial de Primontent Produções Digitais LTDA desde 8 de janeiro de 2020, com sede em Cuiabá (MT).
Sua atividade econômica principal está descrita no documento do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) como "Tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet".
Na prática, no entanto, não é bem assim. A Betzord funciona como uma espécie de plataforma de cursos que ensina os clientes a investir e apostar em jogos esportivos, especialmente na área de futebol. "Você está prestes a conhecer a técnica mais assertiva dos investimentos esportivos", diz um dos slogans da empresa.
Apesar de serem três sócios, à frente da empresa só quem aparece como principal responsável e "a mente por trás do Betzord" é Lucas Tylty. Na descrição do site, ele se autointitula como fundador do Betzord, mentor e guia "dentro da mina de ouro dos investimentos".
"De preto favelado a milionário com futebol. Ex-lavador de pratos e limpador de chão. Atual Investidor Esportivo, com alunos em mais de 55 países e reconhecido mundialmente no mercado como uma das maiores referências no mercado de investimentos esportivos", descreve a bio de Lucas no site.
Os "novos alunos" são atraídos especialmente pelas redes sociais. Para isso, o grupo usa técnicas de marketing digital, mas faz especialmente parcerias com famosos e influenciadores digitais locais para captar novos clientes.
Além de Deolane e Tirullipa, Ronaldinho Gaúcho já teve seu nome associado à Betzord, como embaixador da marca. Outros nomes como Lucas Vrau também aparecem na lista de influencers que já receberam publicidade para divulgar a marca.
A empresa patrocinou jogos da seleção e de times da Série A. O próprio Tylty aparece em suas redes sociais ao lado de jogadores como Neymar e outros influencers, sempre aparentando uma vida de viagens e luxo.
No site do Reclame Aqui, há mais de 800 reclamações contra a Betzord. A maioria delas diz respeito à "propaganda enganosa", "não recebimento do prêmio" e "pedidos de reembolso". Algumas também fazem alusão a problemas com o suporte que "nunca funciona". O plano para ter acesso às aulas custa quase R$ 1,4 mil.
De acordo com o site da Betzord, ao adquirir o plano, o cliente teria direito a suporte 24 horas durante os sete dias por semana, acesso a grupos exclusivos, vídeos e dicas premium.
Em muitos relatos, os usuários dizem ter adquirido um plano da Betzord após seguir dicas de influenciadores digitais. "Comprei o curso através de um grande influencer de Goiás, eu já via vários falando a respeito e sempre tive vontade de comprar e nunca dava coragem. Até que comprei. Na primeira semana, senhor, que arrependimento, porém insisti pois estava precisando muito", relatou uma mulher no Reclame Aqui.
Advogados e empresa negam irregularidades
Em um comunicado na página do Instagram, a empresa Betzord negou qualquer irregularidade em seus negócios. Disse ainda que está procurando as autoridades policiais para provar a licitude das transações.
"A BETZORD tomou conhecimento que está sendo investigada por autoridade policial, em inquérito originado para apurar o comércio de rifas nas redes sociais. A empresa está buscando as autoridades policiais para demonstrar que sempre atuou de forma correta e em estrito respeito às normas legais", informa um trecho da nota divulgada e assinada pelo advogado Huendel Rolim.
Já os influenciadores afirmaram que apenas tinham contratos de publicidade e patrocínio com a Betzord e que desconheciam qualquer envolvimento em suposto esquema criminoso da empresa.
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