Quanto vale a mansão do podcast 'A Mulher da Casa Abandonada'?
Um luxuoso, mas deteriorado imóvel em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, ficou famoso de repente com o podcast "A mulher da Casa Abandonada", apresentado pelo jornalista Chico Felitti na "Folha de S.Paulo". Ele conta a história de uma personagem que vive em uma mansão de uma família tradicional da elite paulistana. Uma das curiosidades levantadas é: quanto custa aquela casa?
A construção fica próxima à praça Vilaboim. A casa é da família de Margarida Bonetti, herdeira e milionária que se refugiou no local após ter deixado os Estados Unidos acusada de ter mantido uma funcionária em condições análogas à escravidão entre os anos 1970 e virada dos anos 2000.
Qual o valor do metro quadrado na região? Rodeada de prédios, a casa está em uma região que conta com um dos metros quadrados mais caros de São Paulo. Segundo Felipe Tzung, diretor comercial da Livar, uma startup especializada em imóveis, um apartamento novo é comercializado na região com o metro quadrado custando cerca de R$ 20 mil.
A estimativa é de que a casa na qual Margarida mora tenha até 500 metros quadrados e possua até 20 cômodos. Sendo assim, tendo como base o preço médio do metro quadrado da região, ela poderia custar até R$ 10 milhões. Mas há outros fatores a considerar, fazendo o imóvel perder valor.
Como definir o valor exato? Tzung afirma que a dificuldade de estabelecer um valor para a casa é que seria improvável alguém simplesmente comprá-la para morar. "O que tem valor é o terreno, está numa região muito boa. As incorporadoras preferem comprar a casa para construir apartamentos de altíssimo padrão, que geram muito mais retorno."
Ele disse que, se a casa estivesse em melhores condições, valeria muito, alguns milhões de reais, mas não é possível precisar exatamente quanto sem olhar por dentro.
Podcast valorizou o imóvel? Felipe Goettems, CEO da Órulo, empresa que organiza informações do mercado imobiliário, afirma que o podcast atrai atenção para o imóvel, o que, em teoria, poderia fazê-lo ganhar valor. Contudo, diz que um potencial comprador, para investir exclusivamente na casa, precisaria ter o objetivo de explorar a história.
Além disso, o imóvel precisaria passar por uma reforma bastante pesada.
Felipe Tzung afirma que, mesmo com a fama da casa por meio do podcast, o valor do imóvel não deve subir. Um novo proprietário poderia até aproveitar o momento de destaque do imóvel, mas as histórias duram pouco. Hoje as pessoas lembram da casa, mas daqui a algum tempo vai ser um empreendimento de altíssimo padrão que um dia foi uma casa abandonada, diz.
Casa tem importância histórica? A casa do podcast remete a como as famílias ricas de São Paulo viviam no início do século 20.
Especialista no assunto, o engenheiro civil e sócio da imobiliária Refúgios Urbanos, Octavio Pontedura, afirma que a casa é bastante típica das construções residenciais feitas para a elite da cidade. Segundo ele, é fácil identificar na mansão elementos desse tipo de construção.
Segundo ele, a casa tem elementos característicos: linhas retas, solidez na arquitetura e referências clássicas, como colunas na varanda da frente. Além disso, tem o friso abaixo do telhado, que é uma característica de uma arquitetura mais florentina, que fez parte de casarões e mansões do final do século 19 em São Paulo.
Pontedura afirma que, se outras casas de Higienópolis ainda estivessem em pé, em vez dos prédios da região, várias delas seriam muito parecidas com a de Margarida Bonetti.
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