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Prévia da inflação desacelera a 0,13%, a menor em 2 anos, com corte do ICMS

Maior impacto sobre prévia da inflação foi do grupo de Alimentação e bebidas, com destaque para o leite longa vida, que subiu 22,27% - Getty Images
Maior impacto sobre prévia da inflação foi do grupo de Alimentação e bebidas, com destaque para o leite longa vida, que subiu 22,27% Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

26/07/2022 09h03Atualizada em 26/07/2022 12h33

O teto nas alíquotas de ICMS fez os preços de combustíveis e da conta de luz caírem e puxou a desaceleração da prévia da inflação em junho. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15) desacelerou a 0,13% em julho, após registrar 0,69% em junho. Foi a menor variação mensal em dois anos, desde junho de 2020 (0,02%).

Considerando o acumulado dos últimos 12 meses, porém, o índice tem alta de 11,39%. O resultado está muito acima da meta do BC (Banco Central) para a inflação neste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos — ou seja, variando entre 2% e 5%. No ano, de janeiro a julho, o índice acumulado é de 5,79%. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O que isso quer dizer? Embora o índice tenha desacelerado no mês, a inflação ainda está em patamares muito altos, como mostram os dados do acumulado dos últimos 12 meses e do ano.

São esses dados que fazem com que as famílias percebam a inflação e vejam como ela está corroendo o poder aquisitivo, porque há 12 meses os preços estavam 11,39% menores, afirma André Braz, economista e analista de inflação da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

"A inflação de julho é a medição de um momento", diz Braz, "e veio neste patamar porque energia e gasolina caíram quase 5% em média, queda provocada pela redução do ICMS".

Inflação desacelerar significa preços mais baixos? Não, só significa que eles estão subindo num ritmo menor.

Dentro dos itens que compõem a prévia da inflação, alguns de fato caíram, como a gasolina. Mas outros subiram, como é o caso dos alimentos, que ficaram 1,16% mais caros no período. Ou seja, os brasileiros estão gastando mais para comer. O aumento dos alimentos prejudica mais os mais pobres, porque a alimentação tem um peso maior no orçamento deles.

Confira abaixo os detalhes divulgados pelo IBGE:

Combustíveis e energia elétrica caem

O IBGE destacou que a redução das alíquotas do ICMS sobre os combustíveis, energia elétrica e comunicações contribuiu para o resultado da prévia da inflação. O grupo de transportes teve queda significativa, com a gasolina caindo 5,01% e o etanol, 8,16%.

Entretanto, outros setores de serviços e produtos continuaram a subir.

O maior impacto do mês foi do grupo de alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao mês passado e subiu 1,16%.

O leite longa vida foi o que mais subiu de preço no grupo Alimentação em julho, com alta de 22,27%. Laticínios também subiram, como requeijão (4,74%), manteiga (4,25%) e queijo (3,22%).

Outros destaques foram as frutas, que aumentaram 4,03%, o feijão-carioca (4,25%) e o pão francês (1,47%).

Prévia da inflação por categoria

Seis grupos de serviços e produtos subiram na prévia do mês, enquanto três (Transportes, Habitação e Comunicação) caíram. Veja o IPCA-15 por categoria:

  • Vestuário: 1,39%
  • Alimentação e bebidas: 1,16%
  • Despesas pessoais: 0,79%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,71%
  • Artigos de residência: 0,39%
  • Educação: 0,07%
  • Comunicação: -0,05%
  • Habitação: -0,78%
  • Transportes: -1,08%

    Como é calculado o IPCA-15?

    O período de coleta de preços, que acontece em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, concessionárias de serviços públicos e domicílios (para levantamento de aluguel e condomínio), vai do dia 14 de abril a 13 de maio.

    São considerados nove grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação; despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo, são consideradas as variações de preços de 465 subitens.

    O índice abrange famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do Distrito Federal e do município de Goiânia.