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MPT abre inquérito contra Guimarães; Caixa tem 10 dias para se manifestar

O ex-presidentes da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães foi indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, em 2019 - Antonio Cruz/Agência Brasil
O ex-presidentes da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães foi indicado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, em 2019 Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

26/07/2022 17h03Atualizada em 29/09/2022 18h30

O MPT (Ministério Público do Trabalho) decidiu hoje instaurar inquérito contra o economista Pedro Guimarães, alvo de relatos de funcionárias da Caixa Econômica Federal que afirmam terem sido vítimas de assédio sexual por parte dele, que ocupou a presidência do banco estatal de 2019 até junho deste ano.

O procurador Paulo Neto determinou ainda que o banco estatal seja oficiado para que, em 10 dias, apresente documentos sobre procedimentos decorrentes de denúncias feitas por meio de canais internos da instituição de 2019 a 2022. Antes, o MPT havia recomendado à atual presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, que o salário mensal de R$ 56 mil pago a Guimarães fosse suspenso. Os repasses são garantidos pelo estatuto do banco a funcionários afastados.

O que diz a defesa de Pedro Guimarães

Em nota ao UOL, o advogado José Luis Oliveira Lima emitiu a seguinte nota: "Pedro Guimarães nega ter praticado ou estimulado qualquer ato de abuso, motivo pelo qual não concorda com a posição do MPT. Quando lhe for dada a oportunidade ainda no processo investigatório, ele vai apresentar provas da correção de seu comportamento".

A queda de Pedro Guimarães

Os casos relatados por funcionárias da Caixa contra Pedro Guimarães incluem toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites incompatíveis à relação de trabalho. As denúncias estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal. O TCU (Tribunal de Contas da União) também pediu a órgãos de controle a abertura de investigação.

Após as denúncias, Guimarães afirmou durante um evento da Caixa que tem "uma vida inteira pautada pela ética" e orgulho de como se portou ao longo da vida. O ex-presidente da Caixa é casado com Manuella Guimarães, filha do delator da Lava Jato Léo Pinheiro. É formado em Economia pela PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e possui três cursos em nível de mestrado, sendo um na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Antes de assumir a Caixa, passou pelos bancos BTG Pactual e Plural.

Especialista em privatizações, Guimarães assumiu o comando da Caixa em janeiro de 2019 após ser indicado ao cargo pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ainda no início da gestão Bolsonaro. Desde então, Guimarães se afastou do chefe da pasta e virou um dos nomes mais próximos de Jair Bolsonaro (PL), participando várias vezes da live semanal do presidente.

Em abril, Guimarães disse que se mudaria para a África caso Bolsonaro não seja reeleito este ano, mostrou a coluna de Bela Megale, do jornal O Globo. De acordo com a colunista, a fala teria ocorrido durante um jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil.

Polêmicas

O colunista do UOL Ricardo Kotscho afirma que Guimarães já havia sido investigado em processo administrativo interno da Caixa em 2019 por suspeita de envolvimento com uma funcionária. No fim do ano passado, Guimarães foi alvo de polêmicas por ter colocado funcionários para fazer flexões durante um evento de fim de ano para gestores da instituição. Na ocasião, no palco e na plateia, diretores e vice-presidentes da Caixa fizeram os movimentos em dois momentos, sob contagem do chefe.

Auxílio emergencial deu holofote a Guimarães

Antes considerado uma figura discreta, Guimarães foi colocado no centro das atenções após o início da pandemia, quando o governo federal criou medidas de socorro financeiro à população. A mais conhecida delas foi o auxílio emergencial, benefício pago pelo governo por meio do banco. Com isso, Guimarães se tornou peça central em diversos anúncios e entrevistas do governo sobre o auxílio.

Cogitado em ministérios

Guimarães chegou a ser cotado para assumir o cargo do ex-ministro Rogério Marinho, que deixou o comando da pasta do Desenvolvimento Regional para concorrer ao Senado pelo Rio Grande do Norte. Além disso, Guimarães também foi cogitado como substituto de Paulo Guedes em momentos de crise na pasta de seu padrinho no governo, de acordo com a Folha.

"Eu não controlo o que as pessoas falam. Mas não tenho diferenças com o ministro Paulo Guedes. Do ponto de vista objetivo, sou presidente da Caixa com muito orgulho — e essa é a minha missão no governo", disse Guimarães à Veja ao comentar esses rumores.