Grupo do Facebook que vende leite dado pela Prefeitura de SP sai do ar
A reportagem do UOL que revelou a venda indevida no Facebook de leite em pó distribuído pela Prefeitura de São Paulo de graça repercutiu em grupos da rede social que fazem esse comércio irregular.
O que aconteceu? Um dos grupos, com mais de 87 mil participantes, saiu do ar. A prefeitura disse que denúncias são encaminhadas à polícia, mas não esclareceu se esse caso está sendo efetivamente investigado. O Facebook disse que não vai comentar.
Segundo especialistas, a comercialização pode ser categorizada como crime de fraude para quem compra ou vende, no caso de uma inscrição irregular no programa Leve Leite.
A prefeitura entrega leite em pó e fórmula láctea para famílias com crianças em vulnerabilidade social a partir de 4 meses e que estão matriculadas em creches e pré-escolas da rede municipal (conforme a idade).
Como os grupos irregulares reagiram? Um dos grupos saiu do ar após a publicação da matéria. A comunidade "Leite da Prefeitura: venda, troca ou doação", que tinha mais de 87 mil membros, alterou o nome para "Alimentos, troca ou doação" na manhã da quarta-feira (27). A foto da embalagem do leite em pó entregue no programa foi mantida.
Ao tentar acessar a página horas depois, porém, o Facebook exibiu uma mensagem que diz que o "conteúdo não está disponível no momento". No entanto, não significa que o grupo foi removido da rede social. A mensagem que surge ao clicar no link é: "Geralmente o dono [administrador] compartilhou o conteúdo apenas com um pequeno grupo de pessoas, alterou quem pode vê-lo ou ele foi excluído."
O que os integrantes dizem? A matéria também sido compartilhada em grupos atualmente ativos que tratam da comercialização indevida. Uma pessoa postou um print da publicação feita no Facebook com a mensagem: "Boa tarde, meninas. Não sei se vocês viram, mas estão denunciando os grupos."
Em outra comunidade, usuários criticaram a venda considerada abusiva de leite em pó por mais de R$ 30. "Eu achei legal a denúncia, até porque estão vendendo esse leite por até R$ 35. Isso é um absurdo [...] Não sou contra a venda, sou contra a falta de empatia", escreveu uma pessoa.
Uma participante declarou que "os governantes ficam só esperando uma denúncia dessas [a matéria do UOL] para ter um motivo de cortar o leite."
Mesmo depois da publicação da reportagem, as mensagens de venda e de interessados em compra seguem sendo publicadas.
Qual é o posicionamento da prefeitura? Em nota, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação, afirma que o "comércio de produtos do programa Leve Leite é ilegal."
"O leite é distribuído exclusivamente para bebês e crianças em situação de vulnerabilidade ou que se encaixam em outros critérios do programa. As denúncias acerca de comercialização, assim que recebidas, são encaminhadas para investigação policial."
A prefeitura não esclareceu, no entanto, se o caso das vendas irregulares no Facebook foi levado à polícia.
A assessoria de imprensa da Secretaria da Educação declarou à reportagem que nenhum beneficiário do Leve Leite foi excluído do programa até o momento.
O Facebook foi questionado sobre a venda irregular. O UOL perguntou se a empresa sabia da existência desses grupos, se eles são monitorados e quais providências seriam tomadas. Também contestou se foi a companhia que retirou o grupo do ar. A empresa disse que não iria comentar o caso.
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