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Dá para fazer Pix somando saldo de 2 ou mais bancos diferentes; veja como

Consumidor precisa autorizar compartilhamento de informações para conseguir fazer Pix usando mais de uma conta - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Consumidor precisa autorizar compartilhamento de informações para conseguir fazer Pix usando mais de uma conta Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

16/10/2022 04h00

Já pensou em fazer um Pix por um banco usando o saldo de uma outra conta? Isso já é uma realidade para alguns brasileiros. Graças ao open finance, alguns bancos começaram a liberar a função e outros estão correndo atrás para disponibilizar o serviço aos clientes.

Como funciona? O cliente abre o aplicativo de um banco e seleciona a opção de fazer um Pix usando o saldo de outro banco ao mesmo tempo.

Se tiver R$ 50 em uma conta X e R$ 50 em uma conta Y, a pessoa pode fazer um Pix de R$ 100. O sistema usa a tecnologia de iniciador de pagamentos do Pix, que é uma ferramenta que permite que o consumidor faça uma transferência sem precisar acessar diretamente o banco em que seu dinheiro está guardado.

O iniciador de pagamentos é uma das funcionalidades do open finance, um sistema financeiro aberto que permite o compartilhamento de informações entres diferentes bancos.

Todo mundo vai ter a funcionalidade? O Bradesco e o Banco do Brasil disseram que já oferecem a ferramenta. Santander e Itaú vão ter em breve. A Caixa Econômica não respondeu até a conclusão deste texto.

Os clientes que quiserem usar a ferramenta vão precisar autorizar o compartilhamento de informações entre bancos. Se não autorizar, continua tudo igual como é hoje.

Os bancos precisam respeitar a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), e deixar claro ao consumidor quais os dados compartilhados e como eles serão usados.

A modalidade é segura? Os especialistas ouvidos pelo UOL dizem que sim.

O diretor de serviços financeiros da consultoria EY Brasil, Ivan Habe, diz que existem várias camadas de segurança (senha e biometria são alguns exemplos) que protegem as operações. Isso vale para todas as movimentações feitas pelos bancos online, inclusive o Pix com saldo de outros bancos.

Quais as vantagens e as desvantagens? Bruno Segatto, cofundador e sócio da consultora Xsfera, diz que é normal as pessoas esquecerem o valor que têm em diferentes contas.

Ao unificar tudo em um aplicativo, fica mais fácil para o consumidor saber se ele tem dinheiro suficiente para um Pix sem ter que abrir todas as suas contas para consultar o saldo. Com o open finance, vai dar para ver o saldo de cada uma das contas no mesmo aplicativo.

Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, afirma que o consumidor ganha flexibilidade e conveniência com a novidade. Igreja diz que o open finance têm sido "exaustivamente testado" e por isso não vê risco de usar a ferramenta neste momento.

É claro que o usuário precisa se ambientar, o cliente precisa entender o que está fazendo. Quanto maior for esse grau de compreensão, maior será a segurança no uso.
Arthur Igreja

Tirando a adaptação do consumidor, os especialistas não enxergam problemas no uso desta nova modalidade de Pix.

Para Habe, o open finance traz mais transparência ao consumidor, além de aumentar a concorrência entre as instituições financeiras, e melhorar os serviços prestados aos consumidores.

O que os bancos ganham com isso? Segatto diz que isso pode aumentar a fidelização do cliente ao banco.

Se o consumidor odeia a experiência em um banco X, mas precisa ter conta lá por algum motivo, vai conseguir usar o banco de que gosta para fazer os pagamentos.
Bruno Segatto

O que os bancos dizem? A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) diz que a possibilidade de compartilhamento de várias contas é uma das principais funcionalidades do open finance.

Em nota, a Febraban diz que as informações compartilhadas podem ser usadas para oferecer ao consumidor melhores ofertas de produtos e serviços personalizados e com melhores custos.

Veja o que cada um dos bancos diz:

Banco do Brasil: Oferece o serviço desde o mês passado. A solução está disponível para transferências de recursos de 18 instituições financeiras e será expandida gradualmente.

O cliente pode acessar "Receber e transferir de outras instituições" no menu "Open Finance" ou acessar a opção diretamente na solução Minhas Finanças, no "Extrato Multibanco".

No espaço, o consumidor pode identificar que tem saldo em uma conta de outro banco e escolher a opção de transferir para o Banco do Brasil. Depois será direcionado para a transferência ao destino final sem precisar sair do aplicativo do BB.

Bradesco: O banco começou a oferecer o Pix com saldo de outras contas neste mês. O cliente pode buscar o recurso em outro banco e este é integralmente enviado via Pix ao destinatário em qualquer banco.

Outra opção é realizar duas operações para compor o valor que precisa transferir: na primeira, ele traz parte do recurso de outro banco para o Bradesco e na outra ele transfere o valor total e integralmente para o destino final.

A liberação da função para os clientes está acontecendo de forma gradativa, de acordo com o banco.

Itaú: O banco liberou a funcionalidade para os funcionários na sexta-feira (14). A expectativa é de que todos os clientes pessoa física tenham acesso a partir da primeira quinzena de novembro.

Santander: Já permite que seus clientes iniciem pagamentos em outras instituições bancárias, via Pix, utilizando o saldo de sua conta corrente do Santander.

A partir de novembro, os clientes vão conseguir também usar o saldo de conta em outros bancos. Em um primeiro momento, a funcionalidade vai estar disponível aos clientes pessoa jurídica.

Caixa Econômica Federal: O banco não respondeu até a conclusão da reportagem.

Quais os próximos passos? Arthur Igreja considera que o Pix com saldo de contas distintas é apenas uma das facilidades que o open finance vai trazer aos consumidores brasileiros.

Igreja dá o exemplo de seguro de carro. Hoje o consumidor que tem uma apólice em uma instituição, mas quer trocar para outra, precisa passar por burocracia e um processo mais lento. Com o open finance, a tendência é que o processo fiquei mais simples.