Quase 50% dos inadimplentes têm dívidas de até R$ 1.000; veja como pagar

Em setembro, a inadimplência bateu novo recorde e atingiu 64,25 milhões de brasileiros, segundo levantamento feito pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito).

Atualmente, quase metade das pessoas com nome sujo (48,87%) tem dívidas de até R$ 1.000, enquanto 12,23% têm valores acima de R$ 7.500 pendentes (veja gráficos ao longo da matéria). Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que é possível pagar as contas em aberto de maneira responsável e evitar que esse problema se torne uma bola de neve. Confira dicas abaixo:

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Procure saber a raiz do problema: A educadora financeira Teresa Tayra diz que há três pontos essenciais para entender a origem de uma dívida: gastar mais do que o bolso permite; o pensamento comum de comprar primeiro e depois economizar para pagar, e não o inverso; e a falta de uma reserva financeira para cobrir imprevistos.

A especialista avalia que responder a cada um desses tópicos ajuda o inadimplente a compreender melhor a causa do problema, de modo a estancar o sangramento e evitar cair em armadilhas futuras.

Tenho uma dívida de R$ 1.000 entre cartão de crédito e água e luz. O que priorizo? A pesquisa da CNDL e do SPC Brasil aponta que as dívidas com bancos são a principal dor de cabeça do brasileiro, com 61,18% dos débitos. Água e luz têm peso menor, de 10,51%.

Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, afirma que nem todo mundo que está com mais de uma conta vencida pode pagar tudo de uma vez. Ela diz que resolver as pendências com bancos é o passo mais importante por causa dos juros que se acumulam mês a mês.

Segundo Borges, o pagamento do valor mínimo da fatura é uma forma de prolongar a dívida, justamente pelas taxas altas, e deve ser feito apenas em último caso. Já o uso do cheque especial, cujos juros são ainda maiores, nem deve ser cogitado, diz a especialista.

Teresa Tayra declara que o inadimplente pode fazer uma lista das dívidas pendentes e medir o peso de cada débito. Além dos juros do cartão, ela lembra que pagar um boleto de água ou luz evitaria uma situação muito complicada de corte por falta de pagamento.

Ganho salário mínimo, e minha dívida chegou a R$ 1.000. O que posso fazer? As especialistas consultadas pela reportagem têm uma resposta imediata para essa pergunta: ter uma renda extra.

Tanto Tayra quanto Borges dizem que essa é a melhor forma de pagar uma dívida por duas razões. A primeira delas é porque fazer um bico descarta qualquer ligação de pedido de crédito com instituições financeiras, ou seja, não há soma de juros ao mês.

A segunda é que buscar um trabalho em uma área de seu interesse (confeitaria, construção ou vendas, por exemplo) pode até fazer com que essa atividade venha a se tornar uma fonte de renda frequente.

É recomendável vender algum pertence para pagar uma dívida? Essa alternativa sempre deve ser levada em consideração, afirmam as especialistas em finanças. Segundo elas, o devedor inadimplente pode fazer uma varredura em casa para buscar objetos que estão parados há muito tempo ou que têm pouca utilidade no dia a dia.

O valor levantado na venda, dependendo do item, pode ser usado para pagar uma parte da dívida ou até mesmo quitá-la.

Pedir dinheiro emprestado para familiares ou amigos é uma boa ideia? Na avaliação de Tayra e Borges, essa opção é tentadora porque pessoas próximas teoricamente não cobrariam juros —no máximo, uma taxa menor que a de um banco.

No entanto, pode ser igualmente arriscada porque quem empresta o dinheiro espera receber na data combinada. Ao frustrar essa expectativa, o tomador do empréstimo criaria uma situação desconfortável com um amigo ou parente, dizem Tayra e Borges.

Empréstimo em banco é uma boa alternativa para quitar dívidas? Ir a um banco para solicitar crédito geralmente é a primeira ideia que um inadimplente tem, mas deveria ser a última delas, segundo as especialistas em finanças.

Elas declaram que as taxas de juros mensais não são atrativas para o bolso do cliente, e criam a possibilidade de gerar uma nova dívida com o banco. Teresa Tayra diz que a pessoa com nome sujo tem que avaliar se a parcela cobrada cabe ou não no orçamento atual.

Mesmo se a resposta for positiva, Merula Borges afirma que a melhor saída é buscar um trabalho temporário para ter uma renda a mais no fim do mês.