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PF investiga esquema de corrupção na FGV; família Simonsen é alvo

17.nov.22 -  Integrantes da Polícia Federal deflagram operação contra um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que explorava a FGV  - JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO
17.nov.22 - Integrantes da Polícia Federal deflagram operação contra um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que explorava a FGV Imagem: JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

17/11/2022 08h50Atualizada em 17/11/2022 21h29

A PF (Polícia Federal) deflagrou hoje uma operação contra um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que explorava a FGV (Fundação Getúlio Vargas), instituição de ensino e pesquisa. Um dos endereços da Operação Sofisma é a sede da FGV no Rio de Janeiro, em Botafogo. Ao UOL, a FGV informou (leia a íntegra abaixo) que foi "surpreendida com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em suas dependências do Rio de Janeiro e de São Paulo".

Entre os investigados estão membros da família Simonsen, cujo um dos membros, Carlos Ivan Simonsen Leal, preside a FGV atualmente. Um dos alvos foi preso na Barra da Tijuca (RJ) em flagrante pela posse irregular de arma de fogo de uso permitido. O nome não foi divulgado.

Segundo a GloboNews, são alvos de busca Ricardo Simonsen, MariaI Inês Norbert Simonsen e Rafael Norbert Simonsen.

O UOL procurou a assessoria de imprensa da FGV por volta das 8h40 e aguarda retorno.

Cerca de 100 agentes da PF cumprem na manhã de hoje 29 mandados de busca e apreensão na capital Rio de Janeiro e em três cidades de São Paulo. Ordens de sequestro e cautelares restritivas foram expedidas pela 3ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro.

As penas para os investigados podem chegar a quase 90 anos de prisão. O nome da operação faz alusão à figura grega dos Sofistas, filósofos que usavam a argumentação para disfarçar informações que sabiam ser falsas para manipular a população.

Materiais apreendidos na residência de um diretor da FGV, alvo da Operação Sofisma, na Barra da Tijuca - Divulgação/PFRJ - Divulgação/PFRJ
Materiais apreendidos na residência de um Diretor da Instituição, alvo da operação sofisma, na Barra da Tijuca/RJ
Imagem: Divulgação/PFRJ

Investigação começou em 2019. A PF passou a apurar o esquema após receber informações de que a FGV estava sendo usada por órgãos federais e por vários outros órgãos estaduais para fabricar pareceres falsos, que mascaravam o desvio de finalidade de diversos contratos para o pagamento de propinas.

Segundo a PF, mais do que emitir pareceres inverídicos que camuflavam a corrupção dos agentes públicos, a entidade superfaturava contratos realizados por dispensa de licitação e era utilizada para fraudar processos licitatórios, encobrindo a contratação direta ilícita de empresas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos e fornecendo, mediante pagamento de propina, vantagem a empresas que concorriam em licitações coordenadas por ela.

Para ocultar a origem ilícita dos valores, além das empresas de fachada nacionais, a PF diz que diversos executivos titularizam offshores em paraísos fiscais como Suíça, Ilhas Virgens e Bahamas, indicando não só a lavagem de capitais, como evasão de divisas e de ilícitos fiscais.

17.nov,22 - Integrantes da Polícia Federal deflagram operação contra um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que explorava a FGV - JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO - JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO
17.nov,22 - Integrantes da Polícia Federal deflagram operação contra um esquema de corrupção, fraudes a licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro que explorava a FGV
Imagem: JOSE LUCENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Confira a íntegra da nota da FGV ao UOL:

"A FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS foi surpreendida na manhã dessa 5ª feira, 17/11/2022, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão em suas dependências do Rio de Janeiro e de São Paulo, por força de decisão do Juiz Substituto da 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Vitor Barbosa Valpuesta. Tal decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal formulado em face de alegadas irregularidades em contratos firmados pela instituição, com base em depoimentos do ex-governador Sérgio Cabral, não obstante a sua delação ter sido anulada pelo Supremo Tribunal Federal.

Desde 2019 a FGV, assim como seus dirigentes, vêm sendo alvo de perseguição e vítimas de imputações quanto a supostos fatos de até 15 anos atrás, que redundaram no ajuizamento de uma Ação Civil Pública que teve sua inicial indeferida e, rigorosamente, versou sobre todos os temas agora utilizados para deferimento da medida de busca e apreensão.

Como se não bastasse, a FGV firmou Termo de Ajustamento com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que foi homologado judicialmente e vem sendo regiamente cumprido, motivo, inclusive, de elogiosas manifestações por parte dos órgãos de fiscalização.

Causa, pois, estranheza e profunda indignação a reiteração, na esfera federal, de temas já sepultados perante a justiça estadual que, agora requentados, maculam gravemente a imagem de uma entidade que, há mais de 70 anos, tanto contribui para o desenvolvimento do Brasil, que, atualmente, é a 3ª mais respeitada instituição do mundo, em sua área de atuação.

A FGV reitera sua confiança nos poderes constituídos, em particular no Poder Judiciário brasileiro, e adotará todas as medidas cabíveis para defesa de sua história, que a tornou motivo de orgulho para o setor produtivo brasileiro, de sua imagem e da honradez com a qual, desde 1944, atua ao lado das principais instituições do País.

A assessoria de imprensa da FGV esclarece que não procede a alusão à família Simonsen na matéria sobre a investigação pela Polícia Federal de três personagens citados no inquérito com sobrenome homônimo. Não há 'uma família Simonsen', mas várias famílias Simonsen, tendo, cada uma, suas ramificações. A generalização da família Simonsen como se fosse um único núcleo, portanto, é incorreta."

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Errata: este conteúdo foi atualizado
A versão anterior desse texto afirmava que a FGV foi fundada em 1994, mas o ano correto é 1944