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Americanas declaram dívidas de R$ 40 bi e podem pedir recuperação judicial

Lojas Americanas - Divulgação
Lojas Americanas Imagem: Divulgação

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

13/01/2023 20h02Atualizada em 14/01/2023 12h25

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro atendeu a um pedido do Grupo Americanas para suspender a penhora de bens da empresa.

  • A companhia declarou uma dívida de cerca de R$ 40 bilhões;
  • A decisão ocorre depois de a empresa declarar rombo de R$ 20 bilhões;
  • A defesa pode apresentar pedido de recuperação judicial.

Na decisão, o juiz Paulo Assed suspendeu obrigação da empresa de pagar suas dívidas até que um pedido de recuperação judicial seja feito. A solicitação deverá ser apresentada em até 30 dias, sob risco de perda da medida cautelar concedida hoje.

No pedido de proteção judicial contra credores, as Americanas afirmaram que as "inconsistências" contábeis poderão impactar o endividamento da empresa e volume de capital de giro, "acarretando o vencimento antecipado e imediato de dívidas em montante aproximado de R$ 40 bilhões".

Um comitê independente será criado para apurar as inconsistências contábeis. A defesa da empresa deverá apresentar, em 30 dias, relatório sobre quais providências têm sido implementadas pelo grupo de trabalho.

A decisão ocorre depois de a empresa declarar rombo de R$ 20 bilhões. A divulgação ocorreu no mesmo dia em que o CEO Sérgio Rial deixou o comando da companhia. Ele deverá assessorar de forma independente o corpo acionário, composto pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles.

Rial havia assumido o cargo em 2 de janeiro. O diretor André Covre também pediu demissão. Ambos serão substituídos interinamente por João Guerra.

Essas inconsistências, na avaliação das Americanas, exigirão reajustes nos lançamentos da companhia, o que poderá impactar nos resultados finais divulgados nos respectivos exercícios anteriores, com alteração do grau de endividamento da empresa e/ou volume de capital de giro, implicando, por via reflexa, no descumprimento de covenants financeiros previstos em contratos"
TJRJ

Empresa é alvo de ação do Ministério Público. Caberá ao órgão definir se o pedido de instauração de um inquérito contra a empresa deve ser arquivado ou não.

  • No segundo semestre de 2022, diretores da companhia venderam mais de R$ 210 milhões em ações da companhia;
  • Eles teriam se beneficiado de "insider trading" (uso de informações privilegiadas);
  • Considerada crime, a prática prevê multa de até três vezes o total lucrado com as transações;
  • O fato ocorreu antes de o rombo de R$ 20 bilhões.

Em comunicado ao mercado, a empresa disse estar empenhada em dialogar com seus credores.

A tutela de urgência não representa um procedimento de recuperação envolvendo a Companhia. A Companhia continua empenhada em manter conversas positivas com seus credores visando ao atingimento de um acordo que seja benéfico a todos os seus stakeholders.
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