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De R$ 8 bi a R$ 800 milhões: como o caixa das Americanas desabou em 8 dias

Fachada das Lojas Americanas no centro de São Paulo - 13.jan.2023 - Bruno Santos/Folhapress
Fachada das Lojas Americanas no centro de São Paulo Imagem: 13.jan.2023 - Bruno Santos/Folhapress

Do UOL, em São Paulo

19/01/2023 19h10

Antes de apresentar oficialmente o seu pedido de recuperação judicial, a empresa disse estar com apenas R$ 800 milhões em caixa para suas obrigações diárias, como pagamento de fornecedores e funcionários. As Americanas afirmaram ainda que uma "parcela significativa" desse montante estava indisponível para a movimentação. Há oito dias, quando o ex-CEO da empresa Sérgio Rial falou a investidores sobre o rombo bilionário, o caixa informado era de R$ 8 bilhões.

O que aconteceu

  • No dia 11, a empresa admitiu um rombo de R$ 20 bilhões em seus balanços financeiros.
  • Em reunião fechada com investidores no dia 12, o ex-CEO Sérgio Rial disse que a empresa tinha cerca de R$ 8 bilhões em caixa.
  • Segundo a empresa, menos de seis horas depois da divulgação do rombo, credores já haviam buscado o vencimento antecipado de obrigações da companhia, "fechando as portas para qualquer tipo de negociação amigável viável".
  • Na sexta-feira (13), a Justiça concedeu medida de urgência cautelar, dando 30 dias para que as Americanas decidissem se pediriam ou não recuperação judicial.
  • No pedido, as Americanas alegavam risco de seus credores pedirem o vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas.
  • Apesar da proteção temporária contra credores, valores compensados pelos bancos não foram devolvidos, segundo as Americanas.
  • Em paralelo, agências de classificação de risco rebaixaram a nota das Americanas. Na S&P, a varejista passou para classificação "D", de default (calote).
  • Com isso, os bancos se negaram a adiantar recebíveis de cartão de crédito para a varejista, o que segundo a empresa drenou mais R$ 3 bilhões de seu caixa.
  • No dia 18, o BTG Pactual conseguiu uma decisão suspendendo os efeitos da liminar obtida pelas Americanas e conseguiu bloquear R$ 1,2 bilhão. Outros bancos também iniciaram uma batalha jurídica contra a varejista.
  • Na manhã desta quarta-feira (19), a empresa disse ter apenas R$ 800 milhões em caixa para suas obrigações diárias e que poderia pedir a recuperação 'nas próximas horas'.
  • No pedido protocolado na Justiça hoje, a empresa declarou dívidas de R$ 43 bilhões com um total de 16.300 credores.
  • A Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial e determinou que os bancos Votorantim, Bradesco, Safra e Itaú sejam intimados a cumprir a liminar do dia 13, que protegia a empresa contra os credores; com isso, é possível que a empresa tenha um alívio em seu caixa.
  • Principais acionistas das Americanas S.A., os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira disseram que pretendem manter o "bom funcionamento" das lojas, do site e de todas as marcas das quais a empresa é dona, segundo nota divulgada pela empresa. Os três controlam o equivalente a 31% das Americanas.

Próximos passos

  • Após o juiz aceitar o pedido de recuperação judicial, a empresa tem prazo de 48 horas para apresentação da lista completa de credores.
  • Já o plano de recuperação judicial deve ser apresentado em 60 dias.
  • O plano precisa ser aprovado por 50% dos credores. Havendo a aprovação, o credor que não concordar com as condições terá que se submeter a elas mesmo assim.
  • Caso o plano não seja aprovado por 50% dos credores, a empresa pode ter a falência decretada.