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Governo reduz previsão para o PIB e vê inflação de 5,31% em 2023

Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, e Debora Freire, subsecretária de política fiscal, em entrevista na Fazenda - Letícia Casado / UOL
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, e Debora Freire, subsecretária de política fiscal, em entrevista na Fazenda Imagem: Letícia Casado / UOL

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

17/03/2023 14h30Atualizada em 17/03/2023 17h16

O governo revisou as suas previsões para a economia, com desaceleração do PIB e aumento da inflação.

O que aconteceu?

  • Estimativa do PIB é de alta de 1,61% em 2023. A expectativa anterior era de que a economia brasileira avançasse 2,1% no ano. O resultado representaria uma desaceleração, já que em 2022, houve crescimento de 2,9%.
  • Para 2024, a projeção do governo para a alta do PIB passou de 2,50% para 2,34%. Para 2025, a estimativa subiu de 2,50% para 2,76%.
  • Inflação é revisada para cima. O Ministério da Fazenda espera que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumule 5,31% ao longo deste ano. Antes, a previsão era de 4,6%. No ano passado, a inflação oficial foi de 5,79%.
  • Mais um ano de inflação acima da meta. O Banco Central definiu o centro da meta da inflação para 2023 em 3,25%, com intervalo de tolerância entre 1,75% e 4,75%. Com o IPCA em alta, em tese, há menos espaço para reduzir a taxa de juros.
  • Inflação dentro da meta só em 2025. A expectativa é que o IPCA só fique em 3% --o objetivo do Banco Central-- daqui a dois anos. Em 2024, a projeção foi revisada de 3,52% para 3%.
  • Essas são as primeiras previsões do governo Lula. Os números foram divulgados no primeiro boletim macrofiscal da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O relatório sai a cada dois meses.
  • Desaceleração da economia acontece no setor da indústria e dos serviços. "O elevado endividamento e comprometimento de renda da população deve afetar o ritmo das atividades", diz o relatório.
  • Fim do "boom" pós-pandemia. A secretaria apontou ainda que o setor de serviços cresceu em 2022 "porque algumas atividades ainda estavam se recuperando da pandemia". "É natural observar um arrefecimento no ritmo de crescimento neste ano".
  • Indústria sofre com alto custo do crédito. Órgão disse que as taxas impedem novos investimentos produtivos, mesmo com programas de governo.
  • Retração mundial. "O aumento dos juros nas principais economias tem afetado a liquidez nos mercados financeiros globais, elevando riscos de default [calote] e incertezas nos mercados acionários".
  • Impostos sobre a gasolina impactaram previsão da inflação. "Apesar de a medida provocar uma pequena elevação dos preços do combustível na bomba no curto prazo, [a tributação] auxilia o equilíbrio fiscal, contribuindo para redução estrutural da inflação, além de trazer benefícios para o meio ambiente", afirma o ministério no documento.

Medidas para mudar o cenário

O governo busca medidas para acelerar a economia. Guilherme Mello, secretário de Política Econômica, citou em entrevista coletiva algumas medidas de proteção social e de facilitação do crédito já anunciadas pelo governo federal.

Ele mencionou os novos valores do Bolsa Família, o aumento do salário mínimo (para R$ 1.320) e do teto de isenção do Imposto de Renda (R$ 2.640), prometidos para maio; o Desenrola, que visa facilitar a renegociação do endividamento das famílias e permitir o retorno ao mercado de crédito; a retomada do Minha Casa, Minha Vida, entre outros.

O governo está muito preocupado em endereçar uma agenda de crédito relevante
Guilherme Mello

O secretário afirmou que os bancos públicos trabalham para recuperar capacidade de financiar empresas e oferecer crédito a custo mais atrativo para que possam voltar a investir.

Rombo nas Contas públicas

O governo também prevê déficit primário (resultado negativo nas contas excluindo os juros da dívida pública) menor em 2023. A projeção passou de R$ 125,99 bilhões no início do ano para R$ 99,01 bilhões.

A Fazenda prevê arrecadar R$ 2,34 trilhões ao longo do ano (aumento de 1,37% em relação a janeiro); já as despesas devem somar R$ 2,02 trilhões (similar ao início do ano).

O que a gente observa é que a projeção para a arrecadação está crescendo enquanto a projeção para despesa permanece constante.
Debora Freire, subsecretária de política fiscal