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Brasil é um dos países que mais taxam remédio no mundo, diz chefe da Bayer

Do UOL, em São Paulo

27/03/2023 14h40

O Brasil é um dos países que mais tributam medicamentos no mundo. É o que diz Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Bayer Brasil e América Latina, em entrevista ao UOL Líderes.

O que ele disse?

  • Imposto sobre remédios. Questionado sobre entraves para a indústria farmacêutica no Brasil, o executivo disse que o imposto sobre remédios no país é um dos mais altos do mundo.
  • Avanços no tratamento do câncer. Jacob disse que, em alguns casos, o câncer já é uma doença crônica, cujo paciente tem expectativa de vida semelhante à de quem tem doenças como a diabetes.
  • Cura definitiva para doenças. Ele falou sobre a busca da cura para as doenças por meio da terapia celular, e disse que a Bayer estuda tratamentos do tipo para Parkinson.
  • Como pagar por remédios de alto custo. O executivo também falou sobre soluções para que governos possam pagar pelos remédios de alto custo, como os que usam a terapia celular.
  • Futuro da saúde. Jacob disse que, no futuro, espera diagnósticos mais precoces, com uso de testes genéticos e novos equipamentos.

Ouça a íntegra da entrevista no podcast UOL Líderes. Você também pode assistir à entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube. Veja a seguir destaques da entrevista:

Imposto sobre remédios

O Brasil é um dos países que mais tributam medicamentos no mundo. Às vezes você compara com um bem mais supérfluo, e a carga tributária é muito menor do que em um medicamento. Então se deveria olhar com carinho a carga tributária. Esse é um ponto importante para reduzir o custo.

O imposto sobre medicamentos de uso humano no Brasil é de 33,87%, segundo dados do IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação). Mais alto por exemplo que o imposto sobre medicamentos para animais, que é de 13,11%. O dado é de 2021. Um levantamento do Sindusfarma, entidade que representa a indústria farmacêutica, mostra que o imposto sobre remédios no Brasil é maior que o de 22 países, dentre eles Argentina (21%), Alemanha (16%), Japão (5%) e Estados Unidos (zero). O levantamento usa dados do IBPT e do BCG (Boston Consulting Group) e é de 2012.

Câncer como doença crônica

Em muitas patologias, hoje o câncer é uma doença crônica. Existem algumas leucemias que, se a gente comparar a expectativa de vida de um paciente com diabetes, é basicamente a mesma. Hoje em dia o câncer de mama não é mais uma sentença de morte, a taxa de sobrevida aumentou. No câncer de pele, a expectativa de vida e até de cura melhorou.

Terapia celular

A terapia gênica ou celular é você ensinar de novo o seu corpo a tratar aquela condição que ele não está conseguindo tratar sozinho. Você extrai material genético daquele indivíduo, ensina essas células a tratarem aquela condição, e reinjeta no indivíduo uma única vez. Já existem produtos no mercado. E a Bayer, entre outras áreas, está com estudo em pacientes com Parkinson.

Medicamentos de alto custo

Não dá para considerar o custo da caixinha ou do mês versus uma terapia genética, que busca trazer a cura para a doença. Dito isso, a indústria e os pagadores têm que criar um modelo sustentável. Acredito muito em modelos de compartilhamento de risco. Eu te proponho que o medicamento vai ter essa ação. Se naquele paciente não tiver, você não me paga.

Envelhecimento da população e custo da saúde

As pessoas vivem mais e, ao viverem mais, vão ter mais problemas de saúde. O tema dos gastos de saúde não é brasileiro. É uma realidade mundial. A indústria tem que ir atrás de soluções que realmente melhorem aquele tratamento, seja vivendo mais, seja com menos efeito colateral. E, ao trazer essa solução, os governos vão estar abertos a pagar. O preço tem que justificar o ganho.

Futuro da saúde

Nós vamos evoluir muito em usar a tecnologia para detecção precoce ou até prevenir doenças. Por exemplo, com o teste genético. Mas também equipamentos que vão permitir um diagnóstico precoce. E também soluções farmacêuticas mais sofisticadas. A terapia genética e celular busca a cura, e não é mais ficção científica. Já temos vários tratamentos no mercado e milhares em desenvolvimento.

Adib Jacob - Carine Wallauer e Editoria de Arte/UOL - Carine Wallauer e Editoria de Arte/UOL
Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Bayer Brasil e América Latina
Imagem: Carine Wallauer e Editoria de Arte/UOL

Quem é Adib Jacob

Idade: 53 anos
Local de nascimento: São Paulo
Cargo atual: Presidente da divisão farmacêutica da Bayer Brasil e América Latina
Cargos de destaque na carreira:
Presidente Nacional e Gerente Geral da Divisão Farmacêutica da Novartis no Brasil
Presidente Regional e Alemanha para a Unidade de Oncologia Novartis
Presidente das áreas de transplante e imunologia das regiões da América Latina e Europa Oriental na Novartis
Presidente Regional de Oncologia da Novartis na Europa Centro-Norte
Graduação e pós:
Engenheiro Industrial pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre em Negócios e Finanças pela FGV
Mestre em Marketing pela ESPM

Como é a Bayer

Funcionários no Brasil: 6.000
Faturamento global do Grupo Bayer:
50,7 bilhões de euros em 2022
44 bilhões de euros em 2021
Lucro global do Grupo Bayer:
4,1 bilhões de euros em 2022
1 bilhão de euros em 2021