Após três anos, renda do brasileiro ainda não retomou nível pré-pandemia
O salário médio dos brasileiros subiu pelo quinto trimestre consecutivo, mas ainda não recuperou o nível pré-pandemia depois de três anos. Os dados são do IBGE.
O que aconteceu
O salário médio dos brasileiros ficou em R$ 2.853 no trimestre encerrado em fevereiro de 2023. No mesmo período de 2020, antes de a pandemia começar oficialmente no Brasil, o salário médio era mais alto: R$ 2.878 (veja detalhes no gráfico mais abaixo). Todos os valores já são atualizados pela inflação, inclusive os de anos anteriores.
Em 2020, o maior rendimento médio foi de R$ 3.060. Foi registrado no trimestre junho/julho/agosto.
A taxa de desemprego voltou a subir depois de seis trimestres de queda. O país registrou taxa de desemprego de 8,6%, frente a 8,1% no trimestre anterior.
O rendimento médio está próximo de seu valor máximo. A avaliação de Rodolfo Morgato, economista da XP, é de que não há espaço para que os salários melhorem de forma mais expressiva com a desaceleração da economia.
O salário de contratação caiu. Passou de R$ 2.028,27 em janeiro para R$ 1.978,12 em fevereiro, segundo o Caged.
Por que os salários não se recuperaram?
As pessoas aceitaram voltar ao mercado de trabalho ganhando menos por causa do alto nível de desemprego durante a pandemia. Isto faz com que o salário médio caia.
A informalidade ainda é alta. O Brasil tem 38,2 milhões de trabalhadores informais, o que representa 38,9% da população ocupada. Normalmente os salários de trabalhadores informais são mais baixos, de acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre.
A melhora em comparação a 2022 foi motivada pela queda da inflação e pelo aumento do número de pessoas com carteira assinada. Essa é a avaliação de Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria.
Melhora é projeto para longo prazo
A diminuição do ritmo de crescimento global e os impactos da política monetária doméstica devem gerar um impacto muito pequeno na população ocupada, mas os rendimentos devem melhorar [até o final de 2023]. Este avanço esperado é justificado para uma base de comparação muito baixa.
Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria
O rendimento médio real deve apresentar crescimentos bastante reduzidos nos próximos anos. O mercado de trabalho brasileiro deve continuar com baixas remunerações, motivadas pela geração de postos de trabalho inseguros e mal pagos, pela alta informalidade e pela subocupação por insuficiência de horas trabalhadas.
Lucas Assis, economista da Tendências Consultoria
Não é algo que se faz de um ano para o outro. Precisamos ter controle da inflação e anos consecutivos de crescimento. A longo prazo precisamos de uma produtividade maior, porque assim os empregos vão ter salários mais altos.
Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre
Salário médio por setor
Os postos de trabalho com carteira assinada pagam salários mais altos.
- Setor privado com carteira assinada: R$ 2.487
- Setor privado sem carteira assinada: R$ 1.914
- Trabalhador doméstico com carteira assinada: R$ 1.519
- Trabalhador doméstico sem carteira assinada: R$ 960
- Setor público com carteira: R$ 4.202
- Militar e funcionário público estatutário: R$ 5.060
- Setor público sem carteira: R$ 2.421
- Trabalhador por conta própria com CNPJ: R$ 3.866
- Trabalhador por conta própria sem CNPJ: R$ 1.739
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