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Após demissão em massa, Hurb atrasa pagamento de salários

Hurb disparou e-mails para funcionários e ex-funcionários na noite dessa terça-feira (6) - Reprodução
Hurb disparou e-mails para funcionários e ex-funcionários na noite dessa terça-feira (6) Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

07/06/2023 16h02Atualizada em 07/06/2023 16h02

O Hurb, que enfrenta sua maior crise em 12 anos de história, começou a atrasar o salário dos funcionários e também adiou a data de pagamento do salário dos 400 empregados demitidos na semana passada. A agência de viagens online não respondeu aos questionamentos feitos pelo UOL.

O que aconteceu

A empresa afirmou aos funcionários que a mudança se deve ao seu "cenário atual". Em emails aos quais a reportagem teve acesso, o Hurb informa que os salários dos funcionários serão divididos em duas parcelas: a primeira, de 32%, foi paga na terça-feira (6) e o valor restante será depositado na segunda-feira (12). Até então, o pagamento era feito de uma vez só, no quinto dia útil do mês.

O Hurb havia comunicado que o salário dos demitidos seria pago ontem. Mas, em um email enviado no início da noite de terça-feira (6), avisou que o pagamento será feito junto com a rescisão, que está previsto para sexta-feira (9).

O anúncio causou revolta entre os ex-funcionários do Hurb por duas razões. A primeira, mais óbvia, foi pela surpresa com a nova data do pagamento. A segunda foi pelo incômodo com o envio de um email para uma lista de pessoas sem a seleção de cópia oculta. Ou seja, todos tiveram seus endereços pessoais expostos, o que fere a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados).

Nos e-mails disparados ontem, o Hurb chama os funcionários e ex-funcionários como "padawans", em referência aos aprendizes que treinam para se tornar cavaleiros jedi na saga Star Wars, para tratar do adiamento dos depósitos.

O Hurb pode fazer isso?

O atraso dos salários está em desacordo com o que propõe a CLT. O advogado especialista em direito do trabalho, Rafael Fazzi, afirma que qualquer atraso ou parcelamento é ilegal e traz penalizações para as organizações.

No caso dos demitidos, Fazzi diz que o Hurb não extrapolou os limites da legalidade. No entanto, ele alerta que a empresa deve honrar o prazo de dez dias, que se encerra nesta sexta-feira, para efetuar o pagamento do salário e da rescisão. Se o Hurb descumprir, os funcionários têm direito a indenização no valor equivalente ao seu salário mensal.

O empregado pode entrar com uma ação de danos morais pelo atraso e pedir rescisão indireta por causa da falta de pagamento dentro do prazo, caso se torne constante. E o Ministério do Trabalho pode verificar a situação e autuar a empresa.
Rafael Fazzi, advogado

Se o empregado tiver prejuízo financeiro em razão do atraso do salário, como não conseguir pagar aluguel ou contas de luz e água, por exemplo, acarretando em juros e multas destas parcelas, poderá também pleitear em juízo o pagamento de indenização por danos materiais, na proporção dos valores que precisou desembolsar a mais.

Momento do Hurb é delicado

No início da semana, Otavio Brissant deixou de ser o CEO do Hurb após 40 dias. Ele escreveu um email para funcionários em que diz ter proposto caminhos viáveis para que a companhia supere os desafios que tem enfrentado, mas que suas ideias não tiveram consenso.

Ex-funcionários afirmaram que a alta cúpula do Hurb não falava em crise. Dois ex-empregados disseram, sob condição de anonimato, que seus líderes jamais abriram o jogo sobre a dimensão da crise que a empresa enfrenta. Eles só eram atualizados pelas notícias divulgadas na imprensa.

O corte de 40% de funcionários aconteceu após o governo suspender a venda de pacotes flexíveis. Em 29 de maio, a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) comunicou a interrupção temporária da comercialização de viagens sem data fixa marcada. Os demais serviços seguem disponíveis.