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Pão sem glúten não é pão e foi um pouquinho moda, diz dona da Pullman

Do UOL, em São Paulo

19/06/2023 14h40

O pão sem glúten tecnicamente não é um pão, e a procura pelo produto foi um pouco moda. É o que diz em entrevista ao UOL Líderes Alfonso Argudín, presidente da Bimbo Brasil. A empresa é dona de marcas como Pullman, Nutrella, Ana Maria e Rap10.

O que ele disse

Pão sem glúten não é pão. O executivo falou que a procura pelo produto cresceu durante um período, mas depois diminuiu. Segundo o executivo, este produto tecnicamente não é um pão, porque não tem farinha de trigo, e consumi-lo exige algum sacrifício. Questionado se a procura pelos produtos sem glúten foi uma moda, ele disse que viu isso "um pouquinho" não só no Brasil, mas no mundo. Ele ressaltou, porém, que celíacos precisam consumir produtos sem glúten e que algumas pessoas não são celíacas, mas se sentem melhor ao não consumir o glúten. A Bimbo não vende produtos sem glúten.

Relação entre conservantes e o prazo de validade. Argudín disse que é necessário conciliar a retirada de aditivos como conservantes dos produtos com a demanda do consumidor por itens com prazos de validade longos. Segundo ele, a Bimbo desenvolveu uma tecnologia que permite deixar de usar o álcool como conservante no pão, sem precisar reduzir o prazo de validade. No entanto, a empresa não diz se essa tecnologia é usada em todos os produtos.

Empresa estuda trazer novos produtos ao Brasil. O executivo diz que ainda existem muitas lacunas no portfólio da empresa no Brasil, em comparação com o portfólio em outros países. E que avalia trazer algumas categorias para o mercado brasileiro, como a dos pães doces (pan dulce), que inclui itens como roles e donuts.

Fast food é luxo em tempos de crise. A Bimbo comprou recentemente a operação brasileira da Aryzta, empresa que fornece pães para cadeias de fast food como Subway e Bob's. Ao comentar o setor, Argudín disse que o consumo de fast food deve continuar crescendo no país, pois é um luxo que as pessoas conseguem pagar em tempos de restrição econômica.

Ouça a íntegra da entrevista no podcast UOL Líderes. Você também pode assistir à entrevista em vídeo no canal do UOL no YouTube. Veja a seguir destaques da entrevista:

Pão sem glúten não é pão

As pessoas que precisam consumir produtos sem glúten são os celíacos. Tem também pessoas que se sentem melhor não consumindo glúten, e a decisão é válida. Mas, de modo geral, a gente viu um crescimento na procura desses produtos e depois uma queda. Porque o sacrifício é bastante. Não tem farinha, não tem trigo, e tecnicamente não é um pão.

A gente viu no mundo, não só no Brasil, um pouquinho isso [a moda do produto sem glúten] em algum momento. O glúten é próprio do pão. São duas proteínas que se misturam e formam o glúten. A gente sempre consumiu e nunca tivemos problema como civilização. Isso é mais recente e, sim, parecia ser mais uma moda.

Conservantes no pão

Muitos pães usam álcool como conservantes. A gente não coloca. Temos toda uma linha de produtos que passa por uma tecnologia para evitar o uso de álcool. É uma tecnologia exclusiva da Bimbo e isso faz com que possamos ter uma maior validade [mesmo no produto sem álcool]. Mas há que ter essa conciliação: como ter a fórmula mais limpa possível, mas atender à demanda do consumidor que quer que o produto tenha uma validade maior, senão teria muito desperdício de alimento.

O UOL perguntou à Bimbo se essa tecnologia é usada em todo o portfólio e qual é o prazo médio de validade dos seus produtos. A empresa respondeu que não dá detalhes dessas informações por questões estratégicas.

Novas categorias

A gente compara nosso portfólio de produtos no Brasil com os portfólios da Bimbo no mundo e ainda temos muitos gaps. Todas as categorias estão sendo avaliadas para poder replicar o que é bem-sucedido em outros países. Tem, por exemplo, o que chamamos de pan dulce. É um pão, mas um pão mais artesanal, como roles, donuts, é um tipo de categoria muito relevante em outros países e aqui ainda está menos explorado.

Fast food

Eu acredito que [o consumo de fast food] vai continuar crescendo nos próximos anos. Tinha essa tendência antes da pandemia e pós-pandemia também. Porque é um luxo que as pessoas conseguem ter [em momentos de restrição econômica]. Às vezes param de ir a outro lugar e terminam indo a esse lugar que é mais acessível.

Quem é Alfonso Argudín

Idade: 46
Local de nascimento: Acapulco, no México
Formação: Formado em administração de empresas pela Universidade de Puebla, concluiu um MBA da Escola de Negócios Kellogg, nos Estados Unidos
Cargos de destaque na carreira: CMO do Grupo Bimbo, diretor de contas no México e diretor de marketing na Latino América

Como é a Bimbo

Fundação: A Bimbo foi fundada em 1945 no México, e tem hoje 197 fábricas no mundo, sendo onze no Brasil.
Funcionários: 139 mil funcionários no mundo, sendo 4 mil funcionários no Brasil
Faturamento global em 2022: 398 bilhões de pesos mexicanos, o equivalente a cerca de US$ 20 bilhões. A empresa não divulga faturamento no Brasil.