Inflação da caipirinha: Por que o preço do limão disparou 32% neste mês?

Dados da prévia da inflação de setembro (IPCA-15) mostram que o limão foi o produto que mais subiu de preço no mês. A alta de 32,2% foi a maior entre os mais de 360 itens que compõem o índice, superando as variações do óleo diesel (17,93%) e das passagens aéreas (13,29%), por exemplo. Veja a abaixo o que levou à alta do limão.

O que aconteceu

Oferta menor, aliada à recente onda de calor, são as principais razões para a disparada. Em setembro, a oferta de limão normalmente é menor. No Brasil, a entressafra — período entre o fim da colheita e o início do novo plantio — do limão-tahiti vai de agosto a dezembro, segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Com uma oferta menor, o preço tende a aumentar.

Entressafra coincidiu com maior procura pela fruta. As altas temperaturas nos centros urbanos fez crescer a demanda pelo limão, que é muito usado em sucos e drinks, como a caipirinha. O aumento do consumo em meio a um cenário de oferta reduzida também contribuiu para a alta dos preços, explicou a Seção de Economia da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo).

Calor também impactou no preço de outros produtos, como o ovo. Por serem muito perecíveis, os ovos estão sendo vendidos a preços mais baixos para evitar que a produção seja desperdiçada.

Tendência é de que o limão fique mais caro nos próximos meses. A Ceagesp projeta alta nos preços do limão pelo menos até novembro, quando a oferta começa a ser normalizada. "Mas tudo dependerá de como ficará o clima nos próximos meses", alerta.

Historicamente, a produção de limão tem oferta regulada nessa época do ano. Para se ter uma ideia, a esta altura costuma haver uma redução na ordem de 25% [na produção] quando se compara ao mês de agosto, por exemplo.
Seção de Economia da Ceagesp, ao UOL

No ano, limão acumula queda

Mesmo com salto no mês, o limão está mais barato que no começo do ano. De janeiro a setembro, o preço acumula queda de 5,88%, de acordo com dados do IPCA-15. Um levantamento feito pela Ceagesp ao UOL mostra que o produto também está mais barato frente a 2022: o valor do limão na cotação do último dia 25 foi de R$ 4,51/kg, menor do que os R$ 5,19/kg verificados em setembro de 2022, segundo o Índice Ceagesp.

Limão ficou mais caro, mas peso no orçamento familiar é menor do que de outros produtos
Limão ficou mais caro, mas peso no orçamento familiar é menor do que de outros produtos Imagem: Istock
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Limão pesa pouco na inflação e no orçamento das famílias. Embora tenha ficado mais caro em setembro, o limão tem peso de apenas 0,03% no IPCA-15 e, portanto, tem pouca influência sobre a variação mensal da inflação. Produtos como o leite e o contrafilé, que pesam mais, caíram 3,45% e 2,47% no mês passado, causando maior impacto sobre o orçamento dos brasileiros.

Grupo Alimentação e Bebidas teve deflação de 0,77% em setembro. Entre os itens que ficaram mais baratos no mês estão a batata-inglesa (-10,51%), a cebola (-9,51%), o feijão-carioca (-8,13%), o leite longa vida (-3,45%), as carnes (-2,73%) e o frango em pedaços (-1,99%). Já outros itens da caipirinha, como açúcar e bebida alcoólica, tiveram alta de apenas 0,22% e 0,13%, respectivamente.

IPCA-15 acelerou em setembro e atingiu 5% em 12 meses. Expectativa é de que o IPCA encerre este ano em 4,86%, indo a 3,86% em 2024, segundo a pesquisa Focus divulgada na segunda-feira pelo Banco Central.

Apesar da alta [no mês], o valor pesquisado para o limão de melhor classificação na cotação do dia 25 de setembro foi de R$ 4,51/kg, inferior ao valor médio de setembro de 2022, que foi R$ 5,19/kg. Ou seja: o valor da última cotação está 15% mais baixo do que no mesmo período do ano passado.
Seção de Economia da Ceagesp, ao UOL

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