72% dos comerciantes dizem que terão perdas se limitarem parcelas sem juros
Pesquisa feita com comerciantes aponta que 72% deles acreditam que teriam queda nas vendas se o número de parcelas sem juros no cartão de crédito fosse limitado. As discussões sobre o parcelamento estão sendo feitas pelo Banco Central com representantes do varejo, bancos e cartões de crédito.
O que está acontecendo?
Pesquisa indica que limitar o número de parcelas pode afetar as vendas. É o que sete em cada dez comerciantes acredita. O levantamento do Instituto Locomotiva foi feito nas cinco regiões do Brasil, em comércios formais e informais, com faturamento de até R$ 5 milhões.
Banco Central sugeriu que compras sem juros poderiam ser parceladas no máximo em 12 vezes. O presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), José Roberto Tadros, acredita que muitos consumidores devem reconsiderar suas decisões de compra, podendo optar por adiar ou reduzir gastos caso isso ocorra. "Isso pode resultar em uma diminuição da frequência de compra e uma redução nos volumes de transações para os comerciantes."
Parcelamento sem juros incentiva compras e ticket médio de vendas é maior. Isso atrai consumidores que querem distribuir o pagamento ao longo de meses, sem pagar juros. "Quaisquer restrições a essa forma de pagamento terão enormes implicações no consumo de bens duráveis, por exemplo. Haveria um problema econômico de grandes proporções", afirma Tadros.
Outra pesquisa apontou que 77% dos consumidores dizem que comprariam menos se o número de parcelas sem juros fosse limitado. Seriam 117,8 milhões de pessoas reduzindo suas compras de produtos e serviços.
A pesquisa do Instituto Locomotiva foi feita entre os dias 30 de agosto e 22 de setembro de 2023 com 800 comerciantes. Foi encomendada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços (Afrac), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Limite de parcelas e juros do rotativo
Limitar os juros do rotativo e o número de parcelas sem juros no cartão pode ser uma solução para o setor. A fala foi feita ontem pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, em evento sobre meios de pagamentos em Brasília. "A discussão do parcelado sem juros e o limite dos juros no cartão de crédito andam de mãos dadas no Brasil", disse o número 2 da Fazenda.
Ministério da Fazenda ainda faz estudos sobre o assunto. Durigan deixou claro que o governo tem escutado o setor, sem ainda ter uma posição formada sobre o tema.
Talvez uma solução de composição, que limite dos dois lados, traga equilíbrio para o mercado e a gente vire a página possa ser a melhor saída, mas eu gostaria de ouvir o Banco Central e os setores. A Fazenda não tem uma posição fechada.
Secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan
Discussão sobre limite de 12 vezes em parcelas sem juros
Banco Central colocou em negociação com o setor privado proposta para limitar a 12 o número de parcelas sem juros em compras no cartão de crédito. A informação é do presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, à Reuters.
BC também quer estabelecer um teto para a tarifa cobrada no uso das "maquininhas". Isso é uma uma tentativa de baixar os juros do crédito rotativo do cartão de crédito.
CMN (Conselho Monetário Nacional) tem 90 dias para definir o limite de juros do rotativo do cartão. O prazo foi estabelecido em lei, aprovada pelo Congresso no início deste mês. A taxa média cobrada na modalidade está em 445,7% ao ano.
Caso não seja encontrada uma solução no prazo, a lei define que a taxa do rotativo não poderá exceder o valor original da dívida, o que representa juros totais de 100%. Durigan voltou a dizer que a solução provisória é equilibrada. "A solução que saiu do Congresso endereça, canaliza a pressão política, que é grande, por uma solução técnica", disse.
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