Terremoto em Taiwan afeta fábricas de chips; carros podem ficar mais caros?
A indústria de semicondutores foi afetada por um terremoto de magnitude 7,5 na escala Richter, que atingiu Taiwan. Especialistas afirmam que o incidente pode causar atrasos na entrega de semicondutores, trazer alguma pressão nos preços, mas dificilmente vai ter um grande impacto na economia global. Os preços de carros, por exemplo, que dispararam durante a crise dos semicondutores na pandemia, não devem ser impactados.
O que aconteceu
Um terremoto de magnitude 7,5 na escala Richter atingiu uma região próxima a Taiwan, na noite de ontem (2), no fuso horário do Brasil. Centenas de pessoas estão feridas, segundo autoridades locais.
As empresas taiwanesas são cruciais para o fornecimento dos chips que sustentam grande parte da economia global. A TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company), controla mais da metade da produção mundial de chips, e precisou suspender a fabricação de chips e retirou as equipes de suas unidades por questões de segurança. A Apple e a Nvidia, por exemplo, são alguns dos clientes da companhia. Outra empresa do local, chamada United Microelectronics Corp, parou as operações em algumas fábricas.
Os semicondutores são muito usados na indústria de eletrônicos e carros. Durante a pandemia, houve uma crise de semicondutores que impactaram indústrias de todo mundo. No Brasil, algumas montadoras ficaram alguns dias sem produzir carros, porque não tinham as peças disponíveis.
Impacto na economia global
O terremoto pode afetar o maquinário das fábricas e estragar lotes inteiros de chips prontos. Ainda não há informações oficiais sobre o tamanho do impacto dos tremores dentro das empresas.
A interrupção pode causar atrasos nas entregas de chips para os compradores, segundo a consultoria Isaiah Research. A empresa também pode precisar aumentar a produção de semicondutores para compensar os atrasos.
Mitigar os impactos do terremoto requer medidas cuidadosas e tempo para restaurar a produção e manter os padrões de qualidade, apresentando implicações e obstáculos adicionais.
Isaiah Research, em nota à Reuters
Algumas linhas de produção dos chips precisam funcionar 24 horas por várias semanas. Com isso, a paralisação por causa do terremoto poderia causar alguma pressão nos preços dos semicondutores, segundo a Barclays para a Reuters.
A paralisação das fábricas pode causar atrasos em entregas de encomendas de chips. No entanto, não há expectativa de aumento no preço dos carros, como aconteceu na pandemia. Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, consultoria especializada em carros, afirma que o que aconteceu durante a crise sanitária foi mais sério pelo tempo de duração e pela competição que existia com o setor de eletroeletrônicos, que também usam os semicondutores em sua produção.
Com as pessoas em casa, elas compravam mais notebooks e celulares do que carros, segundo Kalume Neto. "Tivemos um deslocamento da produção para atender aquelas demandas que surgiam, enquanto a indústria automotiva sucumbia", afirma.
Quando a indústria automotiva voltou a comprar os chips, a concorrência era maior. As indústrias vendiam para quem pagava mais caro, que eram as empresas do setor de eletroeletrônicos. Isto fez com que os preços dos carros subissem (tanto novos como usados) e as empresas paralisassem suas linhas de produção. Quando havia chips disponíveis, as indústrias automotivas preferiam usar as peças nos carros mais caros.
A questão atual é pontual e será facilmente resolvida no curto a médio prazo, para Kalume Neto.
O lote que foi produzido provavelmente vai ser jogado fora, mas não é nada que vai afetar a cadeia produtiva global. Não é nada que vai causar um tormento dentro da indústria automotiva global ou que vai ensejar um aumento muito grande nos preços dos veículos.
Milad Kalume Neto, da Jato Dynamics
* Com informações de AFP e Reuters.
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