Novos tratores usam metano da fazenda como combustível 6 vezes mais barato

E se, em vez de gastar R$ 6 por litro de diesel em cada veículo motorizado, o produtor pudesse despender apenas R$ 1 por um combustível equivalente, mas feito com os resíduos da própria fazenda? Ou, talvez, se o excedente gerado pelas placas solares da propriedade pudessem energizar baterias e motores do maquinário?

Esses recursos de energia limpa, que costumavam ser opções idealizadas e extremamente caras até pouco tempo atrás, já são uma realidade. Lançamentos como os tratores T6 Methane Power e T4 Eletric Power, da New Holland, entre outras máquinas expostas na Agrishow 2024, começam a desenhar essa realidade sustentável - e ainda trazem um apelo financeiro muito interessante para o agro.

De problema a fonte de energia

O metano é um gás residual da produção bovina, suína e aviária. Também está presente como subproduto nas usinas de etanol e açúcar e até mesmo nos aterros sanitários das cidades. Solto na atmosfera, atua como um dos gases de efeito estufa que estão aquecendo o planeta e, no Brasil, seu manejo e descarte adequado é obrigatório. Torná-lo um combustível limpo, portanto, pode mudar os custos da produção e ainda monetizar o que antes era um passivo para o campo e para os municípios.

O custo de produção do Biometano pelo produtor é estimado em aproximadamente R$ 1 por m³ (valor que para compra de outros fornecedores do mercado pode ser bem mais alto). Gean Cembranel, consultor técnico de campo do ecossistema biometano da New Holland, diz que o T6 abre todo um novo modelo de negócios ao permitir que todos os veículos e equipamentos da fazenda ganhem motores movidos à metano.

Esse movimento deixa os processos com uma pegada menor de carbono. Mas também capta emissões que, depois, pode ser revertidas em créditos de carbono no mercado internacional ou para empresas que querem agregar valor verde às suas produções.

O grande problema foi tirar a ideia do papel. Juliano Perelli, especialista de marketing de tratores responsável pelos novos projetos da New Holland, diz que o grande desafio de fazer um trator movido a metano foi conseguir viabilizar o modelo - foram cinco anos para criar a tecnologia e um ecossistema para atendê-la.

"Tem máquinas no campo, tem máquinas vendidas, a gente já consegue mostrar para o cliente a viabilidade do projeto. A questão é: não adianta de nada eu ter um trator que é movido 100% ao gás metano se eu não tenho gás", diz Perelli.

A empresa então formou parcerias para que o T6 viesse junto com uma estrutura de coleta e tratamento do metano. A estrutura inclui biodigestor, purificação, abastecimento e logística. "A gente entrega um conjunto de soluções. O preço é 32% acima do trator normal, só que essa diferença consigo liquidar em dois anos. Se fosse no trator a diesel, continuaria gastando o mesmo valor, sem previsibilidade de custo", destaca.

"Temos um parceiro que produz o motor, tanto do trator movido a biometano, como de motobombas e geradores de energia elétrica. Também é um motor que atende um caminhão, que pode ser utilizado para escoamento da produção, ou em um carro", aponta Cembranel.

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Metano é gerado na própria fazenda. Jildo Osmar Maram, gerente de pós-venda na Gás Futuro, é outra ponta dessa cadeia e faz a conexão logística do metano para o cliente. "A própria fazenda gera seu gás de alguma matéria orgânica. A gente pega o gás no ponto em que é produzido e transporta até o campo para fazer o abastecimento de equipamento. Tem a modalidade de compra, tem a locação. O sistema que desenvolvemos com a New Holland é modular, conforme a necessidade do cliente", conta Maram.

Elétricos e híbridos

O trator elétrico da New Holland ainda é um modelo conceito, diferente do movido a metano, que já está à venda por encomenda. Mas Perelli diz que existe demanda crescente por causa do aumento no uso de placas voltaicas. "O Brasil tem o maior volume de usinas hoje, então a geração é monstruosa. Tem muita gente que tem a parte fotovoltaica nas fazendas, a energia está ali disponível", diz o especialista. A expectativa é que a máquina seja comercializada em até três anos, mas para atender um grupo específico de força de produção.

"Até 130 cavalos [de potência], vamos trabalhar com elétrico. Acima disso e até 300 cavalos, com biocombustível, biometano. Acima de 300 cavalos, que é um trator gigante e chega até 645 cavalos, a gente vai trabalhar no sistema híbrido, porque o armazenamento é difícil de fazer", adianta Perelli. O modelo híbrido da empresa ainda está em projeto.

Outra que vem apostando na energia limpa é a XCMG Brasil. É integrante do grupo chinês que lançou nesta Agrishow três veículos 100% elétricos: a mini escavadeira XE55DA, a escavadeira XE270E e o caminhão bitruck E7-29R. "A XE55DA reúne inovação, potência e durabilidade para elevar o padrão em escavação e construção", destaca Renato Torres, diretor comercial da XCMG Brasil. No caso do caminhão E7-29R, o diferencial é que a máquina funciona com baterias, permitindo substituição mais rápida que o processo de recarga comum.

Na TMA, o transbordo VTX 5022, um dos campeões de venda da marca, agora tem duas versões: uma com propulsor elétrico e outra com transmissão hidráulica. No hidráulico, pode ser puxado por um trator de menor porte, com economia de quase 50% no uso do diesel (o consumo passa 11 litros por hora de trabalho para 5,6/6 litros).

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A versão com propulsão elétrica, VTX 5022 E, por sua vez, garante tração auxiliar, o impulso nas rodas que o torna independente do trator, permitindo diminuição do uso de combustível e, por consequência, menor emissão de poluentes.

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