5 coisas para entender a estratégia da fraude nas Americanas
1. Documentos que integram as investigações sobre o caso Americanas mostram que os bancos Itaú, Santander e ABC Brasil corrigiram os documentos enviados à auditoria KPMG em 2019. Nos arquivos corrigidos, as operações de risco sacado com as Americanas desapareciam.
2. Isso ocorreu mesmo quando a auditoria disse expressamente que precisava que os documentos incluíssem as operações de risco sacado, conforme indicam documentos obtidos pelo UOL. No caso do Santander, a auditoria chegou a questionar a correção por e-mail, mas a versão sem as operações de risco sacado foi mantida. As correções ocorreram por ao menos três anos.
3. O risco sacado é uma modalidade de crédito na qual o banco compra débitos que a empresa tem com seus fornecedores. Essa operação foi largamente usada pelas Americanas nos últimos anos, mas não era registrada devidamente nos balanços, o que fez com que os prejuízos reais acumulados pela varejista ficassem ocultos.
4. Os documentos acessados pelo UOL indicam ainda que as Americanas tratavam com os bancos sobre a forma como as operações de risco sacado apareceriam na documentação enviada à auditoria. A varejista também atuava na intermediação dessas operações e tinha contratos de convênio com os bancos. Porém, a empresa disse à auditoria que essas operações ocorriam entre banco e fornecedor, e não tinham intermediação da companhia.
5. Em nota, o Itaú disse que "sempre prestou todas as informações nas respostas à auditoria". Disse ainda que deixou de incluir as operações de risco sacado nos comunicados a partir de setembro de 2017, quando o convênio entre o banco e a empresa para esse tipo de operação foi rescindido. O Santander disse que repudia "qualquer insinuação contrária à lisura de sua relação com a Americanas" e que "sempre informou integralmente os saldos das operações da Americanas no Sistema Central de Risco do Banco Central". O Banco ABC Brasil disse que não vai comentar. Procurada, as Americanas disseram que não irão se pronunciar. Em nota, a KPMG disse que, "por motivos de cláusulas de sigilo e regras da profissão, está impedida de se manifestar sobre casos envolvendo clientes ou ex-clientes da firma". Em nota, as Americanas disseram que a empresa "segue contribuindo com todas as investigações conduzidas pelas autoridades competentes e que aguarda o desfecho do caso para a responsabilização de todos os envolvidos".
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