Haddad sobre reoneração: 'Gostam do ajuste fiscal feito na casa do vizinho'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira (12) que "ninguém gosta de ajuste fiscal feito na própria casa" ao comentar a aprovação do texto-base que prevê a retomada gradual da reoneração da folha de pagamento de 17 setores a partir de 2025. Segundo o ministro, o benefício fiscal custou mais de R$ 200 bilhões.

O que aconteceu

Haddad defendeu o avanço da proposta que estabelece o fim gradual da desoneração. Ele recordou que o Executivo tenta rever a questão há dez anos em uma discussão que trava no interesse dos 17 setores beneficiados. "Todo mundo gosta do ajuste fiscal feito na casa do vizinho. Ninguém gosta de ajuste fiscal feito na própria casa. É impressionante", declarou o ministro durante participação no programa "Bom Dia, Ministro".

Chegou o momento, envolvendo o Supremo, o Senado e a Câmara. Chegou o momento de pôr ordem nesse programa que custou mais de R$ 200 bilhões.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ministro afirma que as contas públicas estão desequilibradas desde 2015. Ao defender as mudanças, Haddad contestou as avaliações de que as isenções contribuíram para o avanço da economia no período. "O país não cresceu, o país não gerou emprego, o país perdeu posições no ranking mundial de maiores PIBs", destacou.

O Brasil era a sexta economia do mundo, passou para a décima segunda economia do mundo, hoje nós já somos a oitava de novo. Estamos a duas posições do recorde do governo Lula.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ele defendeu o reequilíbrio criterioso das contas públicas. Segundo o ministro, é necessário ter "justiça fiscal". "Temos que fazer isso de forma criteriosa, para que as pessoas que dependem do Estado possam ter oportunidades e aqueles que não pagavam impostos voltem a pagar", afirmou Haddad ao reforçar que "alguém tem que pagar a conta" das mudanças.

"Não tem lobby de pobre em Brasília", destaca Haddad. O ministro diz ter conversado com o parlamento para alertar sobre a necessidade de acabar com as regras só existes no Brasil que prejudicam o ajuste fiscal. "Nós estamos conversando com o Congresso e dizendo: 'esses jabutis têm que acabar. Nós temos que botar ordem nisso'", reforçou.

Essa fase da pauta-bomba, do jabuti, o favor tem que terminar em busca de mais transparência, de oferecer apoio para quem precisa.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Texto-base da reoneração foi aprovado nesta quarta-feira (11). A proposta prorroga a isenção da folha de pagamento para empresas e municípios até o final deste ano, com a retomada gradual da cobrança a partir de 2025. A votação dos destaques foi suspensa devido ao baixo quórum na madrugada e será retomada nesta quinta-feira (12). O advogado-Geral da União, Jorge Messias, solicitou ao ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal) mais três dias de prazo para finalizar o Projeto de Lei.

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Haddad comemora o acordo firmado com o apoio dos Três Poderes. O ministro revela que as discussões a respeito do fim gradual do benefício fiscal foi construído pelo governo Federal e contou com ajustes no Senado, no Supremo e até do BC (Banco Central). "Todo mundo se engajou para encontrar a solução. "Acredito que encontramos uma solução que pelo menos para 2024, talvez para mais, a depender aí do resultado dos programas que o Senado criou", declarou.

Foi uma vitória importante dessa direção que está sendo tomada. Isso que vai gerar prosperidade e crescimento com baixa inflação.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Desempenho econômico

Haddad reafirmou a expectativa de alta de 3% do PIB neste ano. O ministro declarou estar otimista com a economia nacional e os dados recentes. Ainda assim, ele reforçou a necessidade de ajustes para um avanço sustentável.

Nós temos que controlar agora a nossa dívida interna, esse juro tem que cair para que essa rolagem seja sustentável e o Brasil voltar a crescer em cima da média mundial.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Ministro também prevê geração recorde de empregos em 2024. "Nós estamos batendo recorde de geração de empregos. Então você pode ter certeza, hoje o nosso problema é oferta de mão de obra, não é demanda", afirmou ao destacar para a menor taxa de desemprego da série histórica e a geração de 1,5 milhão de postos com carteira assinada nos primeiros sete meses deste ano.

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